O Nome da Rosa

Autor: Filipe Manuel Neto

**Um excelente filme de época.** Este filme é a adaptação cinematográfica do romance homónimo de Umberto Eco, contando a história de uma série de assassinatos misteriosos dentro de uma abadia beneditina no meio dos Alpes italianos durante a Idade Média. É uma excelente adaptação, já que o conteúdo mais relevante do livro é passado para a tela agradavelmente e com rigor. Como é um filme de época, não é incomum ver alguns detalhes historicamente duvidosos mas, como os mais óbvios vêm do livro, não podemos culpar a equipa de filmagem. Além disso, não vi nenhuma situação tão óbvia que pusesse em causa a qualidade do filme, dirigido por Jean-Jacques Annaud. Sean Connery e Christian Slater são os actores centrais da trama, no papel de dois frades franciscanos enviados à abadia para um encontro com uma delegação papal. Eles tentarão resolver as mortes dos monges, seus anfitriões, antes da chegada dos delegados. Os dois actores estavam no seu melhor, o mesmo podendo ser dito também de Michael Lonsdale (no papel do abade beneditino), Feodor Chaliapin Jr. (o irmão Jorge) e F. Murray Abraham (o inquisidor Bernardo Gui), três actores que brilharam nos papéis secundários. O filme faz um verdadeiro esforço de realismo: os locais de filmagem foram escolhidos a dedo, os cenários recriam fielmente a abadia descrita por Eco, os figurinos são preciosos e detalhados, e a escolha dos figurantes mais feios ou o banho de tinta preta dado aos porcos revelam o enorme cuidado para recriar o local de modo fiel ao texto e ao ambiente medieval, o que é verdadeiramente uma das grandes vantagens deste filme. Algumas das cenas são dignas de antologia, como as do labirinto ou a cena em que Slater é seduzido por uma jovem camponesa, que é a actriz chilena Valentina Vargas. Este filme é, definitivamente, um bom exemplo do que deve ser um filme de época bem feito.