Autor: Filipe Manuel Neto
**Cumpre o que promete.**
Quando decidi ver este filme não sabia que era um remake de outro mais antigo, mas agora estou disposto a vê-lo também. E não deve ser o primeiro a explorar o desconforto normal que qualquer jovem sente ao passar a ter um padrasto com quem tem de conviver. Neste filme, contudo, o padrasto é um assassino perigoso que ataca jovens viúvas ou divorciadas. Porém, eu não o consideraria um filme de terror porque é tão ligeiro que não assusta. Envolve, cria suspense, mas não o suficiente para se tornar assustador.
No filme, o roteiro mostra a difícil adaptação de Michael ao novo namorado da sua mãe, David. De início, as coisas parecem correr normalmente, mas o comportamento deste novo elemento da família começa a levantar suspeitas, à medida que evita qualquer fotografia e qualquer menção ao seu próprio passado. O filme, contudo, nunca esconde o que ele realmente é: logo no início é evidente o carácter perverso deste padrasto quando vemos a forma como ele mata uma família inteira. Eu penso que isso foi um ponto a menos para o filme, que perde qualquer mistério. O filme consegue ir criando um bom ambiente de tensão à medida que vamos conhecendo as personagens e estabelecendo vínculos empáticos com elas.
O elenco tem alguns nomes conhecidos, mas não é um filme que acrescente muito à carreira de nenhum dos envolvidos, penso eu. Dylan Walsh foi bastante bom no papel do perverso padrasto assassino, e a sua performance evoluiu em qualidade à medida que a personagem se tornou cada vez mais neurótica e mentalmente instável. Sela Ward também fez um excelente trabalho e está absolutamente perfeita no papel de uma mulher de meia-idade, divorciada recente e a tentar dar uma nova chance ao amor enquanto tenta continuar a ser uma boa mãe. Penn Badgley foi bom no papel de Michael, embora nem sempre se comporte de uma forma que eu considere credível e lógica. Pela negativa, eu mencionaria a má performance de Amber Heard, que parece acreditar que basta aparecer quase nua ou em biquíni para interpretar uma personagem. Sejamos justos, a culpa não é só da actriz, o director Nelson McCormick e o roteirista J.S. Cardone exploraram bastante os atributos físicos da actriz, esquecendo-se de desenvolver a personagem dela. O filme conta ainda com boas participações de Jon Tenney, Paige Turco e Sherry Stringfield em personagens secundárias.
Não sendo um filme que se destaque nos aspectos técnicos, sabe manter um padrão de boa qualidade dentro daquilo que estamos à espera de encontrar num filme mediano: temos uma boa cinematografia, um uso regular da luz e da cor para criar ambiente, bom som e efeitos e cenários e figurinos satisfatórios.
Em 04 Oct 2020