Autor: Filipe Manuel Neto
**Um filme independente regular, que parece ter descurado os aspectos mais técnicos.**
Filmes independentes de baixo orçamento são caixinhas de surpresas. Nunca se sabe se são excelentes ou uma porcaria. Este filme parecia uma boa aposta, com um enredo baseado num grupo de amigos que se reúne para jantar durante a passagem de um cometa que, de modo algo misterioso, provoca uma série de problemas tais como a Internet e electricidade a falhar, telemóveis partidos e, mais estranho ainda, uma justaposição de realidades paralelas.
Pensei que seria mais um filme de terror psicológico, e creio que há cenas onde são feitas algumas incursões nesse campo, mas o suspense e o mistério inteligente criado acabam por sobressair. No entanto, as personagens são pobres e muito clichés, e toda a história se torna tão estranha que perde credibilidade depressa. A dado momento, tudo aquilo já soa tão surreal que já não importa muito o que realmente aconteceu ali. Outra coisa chata foi ter tantas personagens a falar umas em cima das outras durante o filme. Se isso acontecer pontualmente torna as coisas mais autênticas, mas se estar sempre a acontecer é demais. Nenhum dos actores é conhecido, a aposta foi em nomes desconhecidos, mas com experiência em filmes *indie* e participações esporádicas em séries de TV (Emily Baldoni, Maury Sterling, Nicholas Brendon etc.).
O filme usa bastante bem os efeitos sonoros e a música para aumentar o suspense e tornar-se mais tenso. Sendo um filme de baixo orçamento nem surpreende que só exista um local de filmagens e que seja um filme relativamente pobre em efeitos. O que é mais difícil de perdoar é o trabalho bastante amador de filmagem, com a maioria das cenas tão tremidas que até parece que o operador de câmara estava nervoso. Outra coisa que não se perdoa facilmente é o deficiente trabalho de edição e pós-produção. São detalhes que podem parecer de menor relevância mas que podem deitar a perder as chances de uma carreira cinematográfica séria.
Em 30 Mar 2020