Autor: Filipe Manuel Neto
**Uma sátira que não funcionou muito bem, pelo menos comigo.**
Quando vi este filme pela primeira vez fiquei bastante decepcionado com ele, porque pensei que seria um filme de terror digno de ser levado a sério. Eu provavelmente parti da mesma base de muita gente, e errei. Não é um filme de terror, na verdade, funciona como uma sátira de género, e se o encararmos sob esse prisma, a nossa visão do filme muda radicalmente.
O filme começa com um grupo de adolescentes a viajar até uma cabana isolada na floresta, para um fim-de-semana de álcool, drogas e algum sexo. Nós vimos isto milhares de vezes e já se sabe como tudo termina: num banho de sangue. Mas neste caso, a cabana em causa é só a ponta de um grande icebergue subterrâneo: uma instalação secreta construÃda debaixo dela, e onde um grupo de funcionários e cientistas, com aspecto muito governamental, parecem estar a dirigir uma espécie de conspiração internacional da qual aquela experiência faz parte.
O filme não é particularmente bom, e pode realmente irritar aqueles que, como me sucedeu a princÃpio, procuram algo realmente bom para ver. É o problema dos filmes satÃricos, sendo que o género de terror é, seguramente, o mais satirizado do cinema. Seja como for, se aceitarmos o filme como ele é, isso vai torná-lo muito melhor e mais palatável, ainda que tenhamos de pôr de lado toda e qualquer lógica, e coerência: a história contada por este filme é surreal, para ser simpático, e o final é, no mÃnimo, ilógico.
O elenco do filme é igualmente esquecÃvel. O nome mais sonante é Chris Hemsworth, que irá atingir a consagração na franquia *Thor* e no filme *Branca de Neve e o Caçador*. Porém, o actor é francamente mediano aqui. Anna Hutchison é apenas um rosto bonito e um bom par de seios nus, num breve segmento de uma cena mais quente. Fran Kanz e Jesse Williams não têm nada de particular a acrescentar e Kristen Connolly é, obviamente, aquela que está desde o inÃcio destinada a sobreviver a tudo. No laboratório, Richard Jenkins (o Walter do filme *O Visitante*) e Bradley Whitford são os actores que mais se destacam, mas não fazem muito.
Tecnicamente, é um filme que também não tem grande coisa a oferecer, posto que foi feito com um orçamento limitado. A cinematografia está no padrão em uso, os cenários e os figurinos estão bem, com destaque evidente para o cenário da casa e dos laboratórios que lhe são subjacentes. O CGI utilizado era bom, mas as cenas mais duras e violentas são esvaziadas de emoção e parecem frias, a um olhar mais atento.
Em 24 Jul 2021