Autor: Filipe Manuel Neto
**Foi um filme marcante para os jovens e crianças dos anos 90, mas está actualmente esquecido.**
Este é um daqueles filmes que quase toda a gente já viu ou ouviu falar… ou, pelo menos, todos aqueles que foram crianças ou jovens nos anos 90, como eu. Actualmente, o filme está bastante esquecido, e sinto que nem sequer o lançamento de um novo filme serviu para avivar o interesse por ele. Não sei se isso é totalmente justo, porque o filme é bastante divertido e funciona bem, dando algum entretenimento simpático e agradável a todos… mesmo àqueles que não são fãs de basquetebol, como eu, que nunca sequer vi um jogo.
O roteiro é simples: um grupo de alienígenas pequeninos e aparentemente pouco ameaçadores está disposto a tudo para raptar os Looney Tunes e levá-los para o seu planeta. Observando-os, Bugs Bunny tem a ideia de os desafiar para um jogo de basquetebol que decidirá o destino dos bonecos animados, convencido de que tudo se resolverá facilmente. Mas eis que os alienígenas roubam o talento de jogadores de topo da NBA e se transformam em monstros, dominando a partida. Consciente da situação, Bugs e Daffy Duck decidem trazer Michael Jordan, que se havia reformado para jogar beisebol.
O filme foi, financeiramente, uma aposta segura da Warner Bros. Não temos apenas os Looney Tunes, as criaturas loucas a que já nos acostumamos após décadas de desenhos animados, mas também o basquetebol, um desporto particularmente apreciado nos EUA. Além de Jordam, vão surgir no filme outros jogadores famosos da época, também representando a si mesmos, além das equipas, e não tenho dúvidas que a NBA pagou muito dinheiro por esta publicidade toda. E nem vale a pena falar da enorme quantidade de produtos que surgem estrategicamente ou que vão sendo nomeados nos diálogos, e que também pagaram para isso. Somemos às receitas de publicidade as receitas da bilheteira (foi o filme de basquetebol mais bem-sucedido até hoje) e todo o mershandising que foi vendido depois, dos brinquedos às bases para copos… e temos a ideia do quanto o filme foi lucrativo para a Warner.
Michael Jordan teve, aqui, a sua estreia cinematográfica, posto que foi o primeiro (e penso eu, o único) filme longa-metragem que protagonizou. Ele não é um actor, não tem formação como actor, mas desembaraçou-se razoavelmente na tarefa, o que não deve ter sido muito difícil, pois tudo se limitava a interpretar a si mesmo e fazer alguns passes com a bola. Os outros jogadores também fizeram um trabalho decente, e parecem divertir-se enquanto parodiam a si mesmos. No campo dramático, é realmente Bill Murray que brilha, como actor profissional cómico que é, dando-nos o melhor desempenho do filme. Há vários actores de voz competentes aqui, sendo Danny De Vito o mais facilmente identificável e o que mais se destaca.
Tecnicamente, o filme merece um aplauso pela qualidade das animações, e pela forma positiva com que contracenam com personagens reais. Não é um filme pioneiro, “Quem Tramou Roger Rabbit” fez o mesmo vários anos antes, e com melhores resultados, mas o que nos é dado aqui é suficientemente bom. A cinematografia é boa e o mesmo se pode dizer dos efeitos. Quanto à banda sonora, apenas a canção “I Believe I Can Fly” se destaca particularmente, sendo que este filme contribuiu muito para a popularizar e lhe garantir o Grammy Award nesse ano.
Em 11 Oct 2022