Autor: Filipe Manuel Neto
**Um filme preguiçoso e sub-desenvolvido, onde tudo parece ter sido feito em cima dos joelhos.**
Quem nunca leu um livro e imaginou tudo o que leu? Neste filme, um homem apaixonado por livros tenta lidar com um presente raro: quando ele lê em voz alta, as personagens e objectos de que leu podem materializar-se e ganhar vida nas páginas. Mas isso tem um preço: sempre que algo sai, algo ou alguém do nosso mundo precisa entrar. Assim aconteceu à sua esposa. No entanto, quando as personagens que libertou o fazem prisioneiro, a tarefa de salvá-lo e resolver tudo passa para a sua filha. Ok, é um enredo um pouco complexo, leva tempo para apresentar e desenvolver, mas isso é feito sem criar grandes problemas de percepção e compreensão. Seria muito mais interessante se as personagens literárias que vieram à vida fossem personagens reais de livros que conhecemos. Isso poupou ao filme a tarefa de apresentá-los e nos fazer saber se eram bons ou maus da fita. O filme também tem vários buracos na trama, especialmente no final. O final é muito menos interessante do que qualquer outra coisa. Chegamos a ter a sensação de que o filme estava acabado às pressas, ou eles não sabiam como terminá-lo correctamente.
Brendan Fraser é decente o suficiente para o papel principal, embora pareça não acrescentar nada de especial. Ele podia até ter trocado de lugar com Paul Bettany, que parecia muito mais capaz de assumir o papel principal, já que a personagem tem alguma relevância na história. Andy Serkis foi um bom vilão e Helen Mirren excelente numa personagem secundária. Eliza Bennett me pareceu uma promessa sólida para o futuro. Por outro lado, Sienna Guillory era muito má e pouco convincente e Jim Broadbent, um actor com uma propensão cómica, ficou aquém do que poderia ter feito. A fotografia é boa, mas discreta, cumprindo seu o papel sem mérito ou desmérito, e o mesmo pode ser dito da banda sonora. A escolha dos cenários e figurinos é boa. O CGI é bom mas, como falta magia no filme, estraga um pouco as coisas. Quase tudo no filme parece subdesenvolvido e feito de uma maneira pouco elaborada e preguiçosa.
Em 01 Oct 2018