Autor: Filipe Manuel Neto
**Se considerarmos que é baseado num jogo de vídeo de acção, o filme é bastante agradável, e não é tão merecedor do ódio que tem recebido.**
O mercado do cinema está cheio de filmes baseados em jogos de vídeo. Atrevo-me até a dizer que praticamente todos os jogos mais populares já conheceram uma adaptação ao cinema, de “Super Mario” a “Angry Birds”. Já vi alguns deles, e até agora não encontrei um de que pudesse dizer que gostei. Ou melhor, daquilo que eu me consigo lembrar neste momento…
Não conheço o jogo “Dungeon Siege”, mas pelo que vi numa rápida pesquisa na Internet deve ser muito semelhante a outros jogos do género pseudo-medieval. Reis perversos, calabouços e feiticeiros são parte deste universo. São fantasia, destinada a estimular a imaginação e a sede de acção de quem nunca pegou numa espada medieval verdadeira.
Dirigido por Uwe Bol, um director que não conhecia até agora, e de quem tenho referências não muito recomendáveis (mas não vamos, por causa disso, julgar antecipadamente!), o filme que acabo de ver é relativamente agradável, e baseia-se numa luta pelo poder num reino chamado Ehb. De um lado temos um feiticeiro perverso e o sobrinho do falecido rei, que quer reinar no seu lugar, e do outro temos um lavrador pobre, à frente de uma revolução improvável. Já vimos imenso disto, os filmes de temática medieval estão sempre a explorar estes temas.
Apesar de a originalidade ser inexistente por aqui, o filme funciona razoavelmente e não é tão mau como alguns disseram. Há coisas muito piores a circular por aí entre grandes laudes. Tudo bem, o filme carece de uma direcção mais eficaz e de um maior sentido épico, muito do que se vê foi já feito noutros filmes melhores e as personagens são esboços sem personalidade. Mas se considerarmos que o filme é baseado num jogo, creio que foi feito um esforço decente.
O elenco tem vários nomes sonantes. Para mim, o melhor e o mais competente é Ray Liotta, que faz realmente um esforço para elevar a qualidade do que faz com o material pobre que recebe e consegue roubar as nossas atenções sempre que aparece em cena. Porém, também gostei de Ron Perlman e de John Rhys-Davies. Jason Statham não me agradou, parece estar no filme pelo cachê simplesmente, e o resto do elenco faz pouco ou tem pouco tempo para fazer algo.
Tecnicamente, o filme merece um elogio pela sua excelente cinematografia, pelas boas opções de filmagem e pelos locais escolhidos. A banda sonora une harmoniosamente uma excelente banda sonora original e vários temas de hard rock que surgem mais durante os créditos, e fica no ouvido durante algum tempo.
Em 25 Feb 2023