Autor: Filipe Manuel Neto
**Pior do que ser desnecessário, este remake é descartável.**
Para aqueles que viram e apreciaram a franquia original *Pesadelo em Elm Street*, fazer um remake é uma ideia redundante e descartável. Fazer um remake só porque há agora outro tipo de efeitos especiais e visuais, mas que, em momento algum, consegue ser melhor que o filme original, é um erro.
O filme começa com as mortes de dois adolescentes e a heroína plenamente convencida de que há algo terrível a acontecer com eles, e que mata sem eles quererem. Claro, para nós não há nenhum segredo: é Freddy Krueger que, através dos sonhos, está a vingar-se dos que o mataram, anos antes. O roteiro recicla, assim, a história da franquia original, sem acrescentar nada de inovador nem fazer melhor. Aliás, o filme chega a copiar cenas inteiras do filme inicial, retirando-lhes a alma e reforçando um aspecto preguiçoso e desinteressante.
O elenco é liderado por Jackie Earle Haley, que substitui Robert Englund no papel do vilão de luva de aço..., mas a verdade é que não há amor como o primeiro, e Englund será para sempre o actor ideal para o papel. Aliás, o director Samuel Bayer deveria seguramente estar a sonhar (ou a ter pesadelos) quando permitiu aos argumentistas darem a Haley um material tão mau e em que a personagem é tão maltratada. Sem qualquer seriedade ou capacidade para intimidar o público, Krueger é um fantasma da personagem impressionante do filme inicial. O restante elenco não sobressai particularmente: faz o que tem de fazer em personagens que não são mais que figuras de fumo, sem personalidade nem qualquer traço marcante. Rooney Mara é o nome mais sonante, mas ela parece uma alienígena aqui, sem saber bem o que faz nem porque está aqui realmente.
Tecnicamente, é um filme desinteressante a todos os níveis, começando pela má maquilhagem de Haley. Aquilo consegue ser menos realista que uma vulgar máscara de borracha do Carnaval ou do Halloween. A cinematografia padrão e a má edição, com uma série de cortes mal colocados e extemporâneos, também não ajudam, mas o som e o mau uso dos efeitos sonoros foi o que mais me cansou: o filme tem mais guinchos do que uma porta sem óleo e tenta ao máximo usar os efeitos sonoros para fazer o público dar saltos na cadeira, um recurso que o cinema de terror tem usado até cansar, devido à inabilidade dos directores para trabalhar a atmosfera e a tensão dos seus filmes. A voz de Krueger também parece tudo menos autêntica e naturalmente assustadora. Os figurinos e o cenários estão bem, mas não podem salvar o filme.
Em 08 May 2021