Autor: Filipe Manuel Neto
**Esperava mais deste filme, mas mesmo assim foi capaz de me entreter.**
Fui atraído a este filme de acção pela esperança de ver algo que fosse um pouco além do simples e comum “correr, atirar, matar e saltar” dos filmes deste género. A premissa base, um homem em busca da sua própria identidade, permitia ao roteiro ter algum mistério que adocicasse essa receita e tornasse o filme mais interessante. Porém, após ver o filme, sinto que não foi bem isso que encontrei, e que o filme aproveitou pouco essa ideia.
O roteiro começa bem, tal como eu disse: um homem acorda sem saber quem é, mas começa rapidamente a comportar-se como uma “máquina de matar”. É instintivo. Para nós, torna-se ali evidente que ele era, ou é, um assassino profissional contratado por alguém. Resta saber o que serão os detalhes da sua história, e é essa busca que leva o filme, de perseguição em perseguição até ao final. O problema deste filme começa, realmente, com um roteiro escasso: o homem não sabe quem é e todos o querem matar, portanto, tem de fugir quase o filme inteiro, entre tiros e bombas. É simples, e é cansativo.
Matt Damon atingiu, com este filme e os seus seguimentos, uma consagração como actor que é merecida, muito embora desinteressante. Ele é um bom actor, mas neste filme estava longe do seu potencial e o filme, pelas suas características, não favorece o trabalho de um actor que se queira destacar pela qualidade da sua interpretação dramática. Mesmo assim, o filme dá-lhe o suficiente para fazer um trabalho satisfatório, e ainda permite a alguns actores secundários uma certa margem de manobra para mostrar talento. É o caso de Franka Potente, Clive Owen e Chris Cooper. O restante elenco aparece apenas porque tem de aparecer e não se destaca.
Tecnicamente, o filme tem muitos aspectos positivos e bem desenvolvidos. Sendo um filme de acção pura, há valores de produção elevados e muito dinheiro investido em efeitos grandiosos e de qualidade. Tiros, explosões, carros desfeitos, coisas que explodem, sangue falso, o filme é um maná para a equipa de efeitos visuais, especiais e de som. O trabalho dos duplos de acção é igualmente importante e meritório. A cinematografia fica em segundo plano, com um trabalho discreto, mas competente, e a banda sonora, composta por John Powell, faz o seu papel, com uma canção especialmente boa e marcante nos créditos finais: *Extreme Ways*, de Moby.
Em 14 Jul 2021