Autor: Filipe Manuel Neto
**Um excelente filme de acção.**
Depois de um começo tímido e uma sequela bastante melhor, a saga “Bourne” continua a dar-nos excelentes filmes, com muita acção e alma. Paul Greengrass mantém-se firme na cadeira do director, dando seguimento à sua obra, iniciada no filme anterior. Outro nome que se mantém é Tony Gilroy, que continua responsável pelo roteiro e assegura a coerência lógica do filme e da sua relação com os antecessores directos.
O roteiro começa com as tentativas de um jornalista para denunciar a Operação Blackbriar, uma nova versão da temível Treadstone. Jason Bourne é contactado e, apercebendo-se que aquele jornalista estava a ser seguido por operacionais da CIA e corre perigo de vida, decide ajudá-lo a escapar, sem sucesso. A partir daqui, temos novamente Bourne numa corrida para escapar aos agentes norte-americanos, à medida que estes o tentam matar, convencidos de que ele é uma ameaça às actividades da sua agência.
Gostei bastante do filme, mas confesso, senti alguma dificuldade em aderir à história. O começo é algo rebuscado, soa forçado e, em muitos aspectos, inverosímil, como se o filme precisasse de um pretexto qualquer para Jason Bourne ser novamente caçado por agentes secretos. Porém, a partir do momento em que isso é conseguido, o filme desenvolve-se muito bem e a história fica cada vez melhor e mais envolvente. As cenas de acção e de perseguição são realmente intensas. Greengrass tem um estilo próprio de dirigir e vai aproveitá-lo da melhor forma, salientando os momentos mais frenéticos e intensos do filme.
O elenco é, novamente, encabeçado por Matt Damon, que continua a manter-se impecável no papel de Bourne, personagem que lhe rendeu uma merecida consagração. Vale a pena ver este filme para apreciar o talento com que o actor, que está longe de ser um dos meus preferidos, se desembaraça dos desafios que tem pela frente. Julia Styles é outra actriz que o filme aproveita dos seus antecessores, e que conhece neste filme um protagonismo e relevância acrescidos, por virtude da forma como o roteiro utiliza a personagem dela. Albert Finney e Joan Allen foram-se desenvolvendo à medida que o roteiro ia aproveitando as personagens deles. De facto, uma das falhas deste filme é a maneira como desperdiça o talento dos actores secundários, nunca dando verdadeiro material e tempo de tela para nenhum deles.
Tecnicamente, é um filme voltado inteiramente para a acção: a cinematografia procura usar os truques habituais de montagem rápida para tornar as cenas de acção ainda mais intensas, e as filmagens com câmaras manuais, com os seus enquadramentos tremidos, tornam o movimento ainda mais perceptível e, por vezes, cansativo e irritante. A escolha criteriosa dos locais onde as filmagens decorreram revelou-se um feliz investimento, sabendo tirar o melhor partidos de uma série de lugares magníficos onde a história se vai desenrolando. A banda sonora também é muito boa, mas não traz nada de particularmente novo.
Em 22 Aug 2021