Revelação

Autor: Filipe Manuel Neto

**Não me parece tão mau quanto os críticos disseram ser, muito embora tenha falhas.** Este filme foi bastante maltratado pela crítica, mas, confesso, funcionou razoavelmente para mim e não me sinto desapontado com ele. Não é um filme brilhante, tem falhas, mas parece-me um esforço bem conseguido. O roteiro bem escrito, cheio de reviravoltas que adensam todo o mistério e impedem o público de perceber o que realmente se passa até quase ao final, bem como as performances excelentes dos actores centrais, foram determinantes para a qualidade do resultado final. Num primeiro momento, parece um simples filme de terror psicológico leve, em torno de mais uma casa assombrada: Norman e Claire são um casal de meia-idade e agora vivem sozinhos, pois a sua filha foi para a Universidade. Eles recuperaram a casa de campo da família, mas Claire vai começar a ouvir vozes e ter visões estranhas e assustadoras, que liga rapidamente a um casal de vizinhos com comportamentos algo estranhos. Mas a verdade está escondida mais perto do que ela pensa, e o que pensávamos ser um filme de terror leve revela-se, afinal, um thriller de mistério bastante elegante e envolvente. O elenco é habilmente liderado por dois actores grandiosos, que dispensam apresentações e não carecem de provar o seu talento a ninguém: Harrison Ford e Michelle Pfeiffer. Ela mostra-se totalmente a vontade com a personagem dela e ainda é muito bonita, apesar de já não ser a jovem actriz de *Idade da Inocência*. Ford dá-nos um trabalho igualmente sólido, e até fresco, na medida em que é extraordinariamente raro ver este actor em papéis que não sejam heróicos. A forma como ambos os actores contracenam é muito positiva, repleta de química e intensidade. As personagens secundárias são garantidas, com brio e mérito, por actores como Diana Scarwid e Katharine Towne. Tecnicamente, o filme mostra todo o valor do seu orçamento. Habilmente dirigido por Robert Zemeckis, possui uma excelente cinematografia, com uma atmosfera sombria e densa, boa luz e sombra e um uso muito contido, mas eficaz, das cenas exteriores. A casa é bonita, e o cenário é muito elegante, bem como os figurinos dos actores, particularmente o de Pfeiffer. O filme tem mais de duas horas, e pode parecer um pouco longo demais, mas eu confesso que lidei bem com isso e não senti que o filme carecesse de muitos cortes adicionais. O filme, na maioria do tempo, consegue criar a atmosfera e ambiente necessários para o ‘suspense’ funcionar, mas isso começa a falhar à medida que o filme caminha para o clímax.

Autor: Rosana Botafogo

**English** A supernatural horror film, watched at home, during the day, alone, on the TV in the sky, and it gave me a huge scare, when the soundtrack of nothing triples and catches us unnoticed, I believe, how scary, I liked it, the film in itself brings a light horror, the circumstances when watching it can mitigate or maximize it... Michelle is beautiful and with perfect chemistry with Ford, a suspenseful atmosphere, that not-so-surprising plot twist, but everything is very pleasant, entertaining and enchanting… **Portuguese** Um filme de terror sobrenatural, assistido em casa, durante o dia, sozinha, na TV nas alturas, e me deu um baita susto, quando a trilha sonora do nada triplica e nos pega despercebido, credo, que medo, gostei, o filme em si traz um terror leve, as circunstâncias ao assistir que podem atenuá-lo ou maximizá-los... Michelle belíssima e com química perfeita com Ford canastrão, um clima de suspense, aquele plot twist não tão surpreendente, mas tudo muito agradável, entretém e encanta…