Autor: Filipe Manuel Neto
**Um bom filme familiar, que entretém e faz rir.**
Qualquer um que tenha gostado de "Bruce, o Todo-Poderoso" vai gostar deste filme, que é uma continuação ou spin-off baseado na história bíblica de Noé, adaptada ao nosso tempo e com mensagens ecológicas e éticas pelo meio.
O final é excelente e aproveita ao máximo o CGI para nos impressionar. Como se pressupõe desde o princípio, é uma comédia muito irreverente, pelo que as questões de probabilidade ou plausibilidade dos factos não se aplicam muito. A cinematografia é boa, tal como a banda sonora.
Apesar disso, não há um esforço para desenvolver as personagens, com a esmagadora maioria a representar arquétipos mais do que pessoas reais. Por exemplo, o vilão, interpretado por John Goodman, não é uma pessoa com personalidade mas um arquétipo que representa os políticos americanos, corruptos e gananciosos. O senador não representa a si mesmo, mas uma ideia. Desse ponto de vista, e como o filme procura transmitir algumas ideias e mensagens (actos de bondade aleatória, mensagens do teor ecológico, humano e altruísta), o uso de arquétipos facilita a tarefa, embora muitas pessoas possam pensar que as personagens foram simplesmente mal desenvolvidas.
Steve Carrell é um comediante e faz um trabalho muito bom neste filme, que é uma evolução na sua carreira, que começou mal, com comédias de piadas fáceis. Morgan Freeman continua a dar vida a Deus e torna-se num dos actores que mais vezes e melhor interpretou o Criador de todas as coisas no cinema. Também pode ser engraçado mas é um tipo diferente de humor, mais contido e sereno. Goodman é um bom vilão e tornou a sua personagem, ao mesmo tempo, engraçada e execrável.
Este é um bom filme familiar, com muito entretenimento e boa comédia, que não ultrapassa "Bruce o Todo-Poderoso" mas faz o que é preciso para divertir o público. O filme é capaz de nos fazer passar tempo de uma forma positiva.
Em 29 Aug 2018