Autor: Filipe Manuel Neto
**Excelente.**
Neste filme, acompanhamos as peripécias da vida de Melvin Udall, um romancista consagrado que, apesar da fama e do reconhecimento público, padece de um transtorno obsessivo, aliado a uma misantropia profunda. Isto é, ele é virtualmente um eremita, que vive confinado em casa e tem ataques de raiva se o obrigarem a fugir à sua rotina ou a conviver com as pessoas ao seu redor. As vítimas mais regulares do temperamento cáustico e rude de Udall são o seu vizinho ‘gay’, Simon, o cão dele, Verdel, e Carol, a empregada de mesa que todos os dias lhe serve o café, sempre na mesma mesa, e que ele come com recurso a talheres de plástico que traz consigo. Tudo muda com o assalto a casa de Simon: confinado a uma cama, ferido e falido, Simon passa a depender parcialmente de Melvin, que vai gradualmente aprender a fazer actos de bondade e generosidade para com as pessoas que magoou.
O elenco é liderado por Jack Nicholson e Helen Hunt, dois actores com provas dadas, que aqui conseguem brindar-nos com duas excelentes interpretações. Pessoalmente, pensei que Hunt era demasiado jovem para ser um par romântico para Nicholson, mas o facto é que ambos parecem estar totalmente a vontade com as personagens e também um com o outro. Greg Kinnerar dá-nos um trabalho igualmente maduro e consistente, no qual é auxiliado por Cuba Gooding Jr. E uma palavra final para o excelente cão utilizado no filme.
Tecnicamente, é um filme ‘standard’, dentro da maioria dos trabalhos de Hollywood. Tem uma boa cinematografia e edição, com boas cores e um ritmo bastante seguro. Os cenários usados são muito bons, com destaque natural para o apartamento de Melvin. A banda sonora cumpre bem o papel dela e há muita comédia situacional para fazer rir o público mais sisudo.
Em 13 Feb 2022