Autor: Filipe Manuel Neto
**Forçado e exagerado, este filme é uma comédia da qual eu esperava mais.**
Vi este filme porque pensei que seria um remake de um filme mais antigo, com o mesmo nome, que estrelou Bela Lugosi e Boris Karloff. Confesso que a presença de Karloff e de Vincent Price na lista de actores também me seduziu, pois reconheço-lhes valor e talento. Porém, o que aqui vim encontrar defraudou completamente as minhas expectativas.
O filme inspira-se no poema gótico *O Corvo*, de Edgar Allan Poe, começando e acabando com palavras extraídas do poema. Mas o que acontece depois é a criação de um conto fantasista e exagerado em que um feiticeiro, transformado num corvo por um inimigo, pede a ajuda de outro para voltar à forma humana. A sucessão dos acontecimentos leva-os depois a confrontar esse feiticeiro maléfico.
A história do filme é o seu ponto mais fraco porque tudo soa exagerado, inacreditável. Eu senti que o argumentista deste filme deve ter pensado que o público era estúpido o bastante para engolir algo assim a troco de umas gargalhadas forçadas. De facto, o filme é leve, consegue ser engraçado de uma maneira tola, mas isso não justifica uma história tão fraca e ilógica.
Vincent Price é o actor principal e faz um esforço satisfatório, dando à sua personagem maneiras elegantes, gentis e cavalheirescas que soam bem. Pessoalmente, penso que ele faz um trabalho competente na medida do que lhe foi possível. Boris Karloff, não obstante a sua competência e talento, não teve maneira de fazer melhor do que fez. A surpresa do filme acaba por ser Peter Lorre, a quem deram uma personagem secundária com importância fulcral no desenrolar da trama, e que sobressai pela maneira como ajuda ambos os lados. Claro, ele não é um herói e tampouco um vilão, é alguém com uma agenda própria que acabará castigado por isso. Por fim, temos ainda as adições honrosas de Hazel Court e de um jovem Jack Nicholson.
Tecnicamente, o filme apresenta uma cinematografia satisfatória, com cores vivas e intensas e uma boa luz. Os cenários merecem uma nota particularmente positiva pela criatividade, muito embora alguns efeitos e, particularmente, o castelo do vilão pareça realmente exagerado e falso demais para ser crível. Os efeitos especiais não são bons, nem os recursos visuais e sonoros.
Em 09 Oct 2021