Autor: Filipe Manuel Neto
**Desinspirado, por vezes incrivelmente irrealista, mas ainda assim valeu a pena.**
Só há pouco me apercebi, após alguma leitura, que este filme é um remake de outro filme, já esquecido, dos anos Setenta. Não vou poder compará-los, nunca o vi, mas irei ver. O que eu posso dizer, seguramente, é que este filme não me encantou e esperava algo mais que não chegou. O filme é suficientemente bom para valer a pena, mas não sei se teria interesse em vê-lo uma segunda vez. Acho que não o justifica.
Toda a acção decorre numa pequena vila do interior do Midwest norte-americano, onde um vírus misterioso está a provocar uma terrível doença contagiosa que se propaga pelo ar e faz com que as pessoas enlouqueçam e se comecem a comportar como psicopatas e a assassinar outras pessoas sem qualquer critério. O filme não entra em grandes rodeios, nem apresenta muito a situação: tal como os habitantes daquele lugar, também nós somos surpreendidos e não sabemos exactamente aquilo que se está a passar. A partir daqui, o filme acompanha as tentativa do xerife local, e do seu ajudante, para saírem da cidade sem serem presos ou até mortos pelo Exército, que invade a região.
O filme não é mau, mas está carregado de clichés e cenas desinspiradas e sem originalidade como se o director, Breck Eisner, não tivesse confiança ou interesse naquilo que está a fazer e resolvesse apenas imitar *The Walking Dead* e outro material semelhante. Além disso, este filme tem um elenco maioritariamente mediano ou medíocre, que não brilha nem acrescenta nada de verdadeiramente bom ao filme. As excepções são Timothy Olyphant e Joe Anderson, que deram vida ao xerife e seu ajudante, num trabalho competente e muito empenhado onde teriam conseguido, seguramente, melhor resultado com um material melhor.
A nível técnico, é um filme que cumpre aquilo que promete: tem uma boa cinematografia e os cenários e figurinos são realistas e bastante agradáveis, mas isso são características que quase podíamos exigir. O filme mantém um ritmo agradável, os efeitos visuais, especiais e de som são bastante bons e muito realistas, assim como todos os cenários e figurinos. O que eu penso ter sido bastante exagerado foi o roteiro, com a criação de uma situação tão absolutamente cataclísmica que se torna irrealista, como uma paródia de si mesma. Há situações que parecem tão inverosímeis que simplesmente perdem credibilidade. Por fim, uma palavra para a boa banda sonora, que cumpre bem o seu papel.
Em 30 Oct 2020
