Autor: Filipe Manuel Neto
**Cumpre o que promete, mas só.**
Após dois filmes excelentes, Hollywood cometeu o erro de reavivar a franquia *Exterminador Implacável* e de a arruinar completamente. Mas neste filme ainda estamos num nível aceitável de qualidade em que as coisas ainda parecem ter algum sentido. Neste filme, acompanhamos John Connor em mais uma corrida para, com a ajuda de um Exterminador enviado do futuro, se salvar de uma máquina T-X, em forma de mulher, também ela enviada, mas com a missão de o matar, a ele e a todos os futuros comandantes da milícia humana. É mais do mesmo se formos a pensar bem e se quisermos comparar este filme com os seus antecessores. Mas com menos qualidade.
No geral, gostei do filme, honra os seus antecessores, mas não pode fazer melhor, nem de fazer diferente. Tal como já aconteceu, o filme baseia-se essencialmente em perseguições com imensa destruição e tiroteios com armamento cada vez mais poderoso. Há várias tentativas de criar momentos cómicos algures, mas nem sempre funcionam e os diálogos são desinspirados e por vezes irritantes. E já agora que falo nisso, uma coisa que me chamou a atenção, e não sei se foi apenas a mim, foi o modo forçado como foi utilizado o famoso bordão “eu voltarei”. E já nem falo dos monólogos… suponho que alguns deles eram perfeitamente dispensáveis.
Novamente, tal como noutros tempos, é a performance de Arnold Schwarzenegger que salva o filme. Como se fosse um colosso, é ele quem o carrega às costas. E de facto ele é um grande actor e está totalmente à vontade no papel, que já conhece e imortalizou. Nick Stahl é mediano e desembaraça-se razoavelmente no papel de Connor, mas não me convenceu muito. Melhor do que ele, Claire Danes é muito boa para o papel que recebeu e é a única actriz que consegue ir acompanhando Schwarzenegger no seu trabalho. Kristanna Loken também é bastante boa.
Tecnicamente, é um filme muito bom, mas ainda prefiro o *Exterminador 2*, mesmo sabendo que os efeitos especiais utilizados não têm o refinamento deste filme. Suponho que os efeitos usados no filme cumprem bem o seu papel, mas não conseguem ser tão surpreendentes quanto os que foram usados no filme mais antigo. As cenas de acção, claro, são o prato forte do filme, e enchem as medidas de quem aprecia o género, com imensa destruição, explosões e ferro retorcido. A cinematografia é muito boa, e aproveita bem as paisagens urbanas, o deserto e as cenas sem luz ou com baixa luminosidade. Uma boa edição e montagem também ajudam, e os cenários, e figurinos, cumprem o seu papel. A banda sonora aproveita bem o ‘leitmotiv’ da franquia, mas não se destaca particularmente.
Em 14 Mar 2021