Autor: Filipe Manuel Neto
**Um fim decente para a Trilogia Ocean.**
Parece que a trilogia "Ocean" só funciona quando eles estão em Las Vegas, a cidade onde tudo começou. Na verdade, era difícil fazer pior depois de um segundo filme em que tudo correu mal.
Este filme mantém o elenco anterior mas concentra o enredo numa busca por justiça poética. Os ladrões não vão roubar por motivos egoístas mas tentar punir um vilão que traiu Reuben por duas vezes. Uma vantagem para uma trama em que a imaginação delirante do argumentista quase deitou tudo por terra com um plano de ataque tão criativo e elaborado que perdeu a sua credibilidade. A ideia era recriar o primeiro filme, numa escala épica, mas era tão óbvio e exagerado que não funcionou lá muito bem. Mesmo com este problema, o filme é digerível e nós podemos gostar se não pensarmos muito sobre a lógica de tudo aquilo.
O elenco é o mesmo dos dois primeiros filmes, com George Clooney e Brad Pitt à frente, mas eles fazem quase a mesma coisa que faziam antes, por isso não há surpresas ou comentários de maior a fazer. A grande novidade é mesmo a entrada de Al Pacino, que sabe perfeitamente como fazer bem um vilão cínico, e foi óptimo vê-lo em outro papel destes. Vincent Cassel limitou-se a um "cameo" muito fraco.
Steven Soderbergh, que parece ter recuperado do acidente que foi "Ocean's Twelve", dirigiu o filme com bastante regularidade e perto do que poderíamos esperar: bons ângulos de câmara, grande cuidado com o uso da paisagem e cenários urbanos, alguns deles de grande beleza e que parece bonitos quando acompanhados por uma banda sonora decente, como foi o caso. E assim terminou esta trilogia, sem grande glória mas com a honra lavada.
Em 29 Jun 2018