Autor: Filipe Manuel Neto
**Um dos grandes filmes cómicos dos anos 70.**
Mel Brooks é um daqueles nomes do cinema cómico que eu ainda não explorei muito, e que conheço mais pela fama do que por ter visto o seu trabalho. Decidi mudar um pouco isso vendo este filme satírico, que ele dirigiu, e no qual um neto do infame médico e nobre alemão Dr. Frankenstein, após anos a renegar o próprio nome e qualquer associação com as loucuras do avô, é chamado ao castelo familiar para… quê? De facto, o roteiro explica muito mal esta decisão, mas é importante para o filme que ele regresse ao castelo e é isso que ele vai fazer. Lá, ele contacta com os locais e resolve explorar melhor as tentativas do seu avô para reanimar cadáveres humanos.
Como já se compreendeu por estas linhas, o roteiro não é inteiramente o ponto forte deste filme, com uma história frágil e muitos problemas de falta de lógica. O filme precisa que as personagens tomem certas decisões e elas vão tomá-las, mas sem a preocupação de que isso corresponda a uma atitude lógica e compreensível. Claro, sendo uma comédia, isto é um assunto sem grande relevância, e o absurdo também aumenta a piada do filme, mas há um ou dois momentos em que senti falta dessa lógica.
A direcção de Brooks é inspirada e muito bem conseguida. A nível técnico, destaca-se a cinematografia a preto-e-branco, que foi claramente pensada para emular e homenagear o aspecto visual dos grandes filmes de Frankenstein que surgiram nos anos 30, com Boris Karloff. A iluminação e o trabalho de luz também merecem nota positiva, assim como a concepção dos cenários, dos figurinos e dos adereços. Os diálogos, por vezes claramente improvisados, funcionam maravilhosamente e as piadas são excelentes, mesmo aquelas que são um pouco mais malandras. Quanto ao elenco, o destaque vai inteiramente para a actuação inspirada de Gene Wilder, num dos papéis cómicos mais memoráveis que nos deixou. Sempre o recordaremos como Willy Wonka, é certo, mas este filme não fica atrás e merece um destaque honroso na filmografia do actor. Ao lado dele, temos ainda Marty Feldman, no seu filme mais icónico e numa interpretação incrível. Peter Boyle e Cloris Leachman também merecem uma nota de louvor.
Em 05 Apr 2024