Autor: Filipe Manuel Neto
**Se esquecer algumas boas piadas, é um filme bastante pobre.**
Há certos filmes que podem ter uma história fraca mas compensam por serem divertidos e nos fazerem rir. Este é um deles. Conta a história de John Dolittle, um médico que fala com animais desde que era criança. Porém, graças ao esforço dos seus pais, esqueceu esse dom à medida que crescia... até que de repente, sem razão aparente, ele começa a ouvir animais falarem e fica à beira de um ataque de nervos com isso.
Parece inverosímil? De facto, é... se eu tivesse um dom deste tipo, certamente, não iria descobri-lo repentinamente após anos e anos sem o utilizar. O filme não explica como conseguiu Dolittle ficar anos sem ouvir animais e, de repente, começar a ouvi-los tão claramente. É uma mudança súbita e inacreditável demais. Porém, todo o enredo do filme é fraco. Não há verdadeiramente uma história para contar... o que temos aqui é um esqueleto básico de roteiro que serve, apenas, como base para uma sucessão de piadas, que nos são apresentadas por Eddie Murphy e por todos os animais com quem ele contracena. O humor assenta nos diálogos, falas e situações envolvendo animais, ao ponto de estes se tornarem os verdadeiros protagonistas e de Murphy perder relevância no filme. Mas tentar ver este filme pelo lado lógico significa tirar-lhe toda a graça. De facto, aproveitamos melhor o filme se dermos tolerância às falhas do deficiente e pobre roteiro e se simplesmente nos deixarmos levar pelo que estamos a ver e aproveitarmos as piadas.
Eddie Murphy, com este filme e outros que se seguiram, viveu provavelmente a sua época de ouro enquanto actor. Conseguiu dinheiro, fama, popularidade, bons contractos... mas de facto nunca chega a mostrar valor enquanto actor. Não porque ele não o possua - ele mostrou-o noutros filmes - mas porque tinha muito pouco para fazer neste filme! Murphy faz pouco enquanto é Dolittle (curioso!). Do restante elenco é melhor nem falar. Os actores de voz (destaque para Norm MacDonald e Chris Rock) brilharam mais do que todo o elenco humano.
Tecnicamente, o filme é bastante regular. Não sendo excelente e tendo efeitos visuais e de som bastante fracos. A banda sonora é virtualmente inexistente e até os temas de abertura e final são pouco interessantes.
Em 02 Sep 2019
