Autor: Filipe Manuel Neto
**Pior é difícil...**
Este filme é a mais do que anunciada continuação da trilogia Fifty Shades, e eu penso que é o pior dos três filmes. Apesar do grande sucesso de bilheteira, a meu ver amplamente baseado no prévio sucesso dos livros de E. L. James, o filme foi justamente vaiado tanto pela crítica quanto pelo público que pagou para o ver. Tal como fiz na crítica ao primeiro filme, ressalvo aqui que nem li, nem tenciono ler, os livros originais, por isso vou falar apenas do filme, apesar de saber que muitos problemas relacionados à história contada provêem já do material original.
Após romper com Gray, Anastasia decide reatar com ele, mas sob condições. A personalidade dela mudou bastante de um filme para o outro. Já não é aquela miúda tímida e incapaz de partir um prato que vimos no primeiro filme. Ela descobriu a sua própria feminilidade, mostra-se mais confiante e domina a situação com segurança, quase ao ponto de inverter papéis sexuais com Gray. Este, por sua vez, parece perdido e sem saber bem onde pisar, em busca de terreno firme. Isto foi o que mais me surpreendeu na história contada pelo filme. O restante (as intrigas e ciúmes envolvendo o patrão de Anastasia e a ex-amante de Gray, ou até a aparição enigmática de Leila) não tem metade do interesse que essa mudança na personalidade deles teve para mim. E o filme tem também péssimos diálogos e um dos lapsos de continuidade mais escabrosos que já vi em cinema: a lingerie complicada que Anastasia leva para a festa de caridade dos Gray's e que, já no local, em mais uma cena de sexo, desapareceu misteriosamente do corpo dela, restando apenas umas singelas cuecas rendadas. Eu quase desatei à gargalhada. Há alguma coisa boa aqui? Sim, mas pouco. O desempenho dos dois actores centrais da trama é sensivelmente menos aborrecido do que no primeiro filme mas, tal como se viu anteriormente, domina a impessoalidade e a ausência de paixão e química entre ambos; Marcia Gay Harden fez uma boa performance como mãe de Christian e Kim Basinger também esteve bem no pouco que teve para fazer
Escusado será dizer que este filme é totalmente impróprio para crianças e adolescentes, dado o material erótico pesado e a linguagem usada. O filme teve um bom orçamento e, por isso, bons valores de produção, começando com uma boa fotografia, bons adereços de cena, um trabalho de edição satisfatório e uma boa banda sonora, composta por Danny Elfman.
Em 20 Feb 2020