A Troca

Autor: Filipe Manuel Neto

**A angústia do amor de mãe.** Confesso que não estava à espera que este filme fosse tão interessante. É verdadeiramente impressionante. Baseado parcialmente num caso verídico que ocorreu há cerca de cem anos, o filme está carregado de sentimentos difíceis de digerir e de absorver. Habilmente dirigido por Clint Eastwood, que mais uma vez nos brinda com uma peça de grande qualidade técnica e bom sentido dramático, o filme é absolutamente memorável. O roteiro é o principal ponto forte do filme, e vale realmente a pena destacá-lo. Penso que é verdadeiramente difícil ficar indiferente a uma história tão carregada de sofrimento e em que a polícia seja tão merecedora de censura. Toda a história gira em torno do desaparecimento de uma criança e da procura incessante da sua mãe, contra todas as expectativas e contrariando a vontade das próprias autoridades, que lhe apresentaram uma criança como sendo o seu o filho e nunca levaram a sério quando a mãe disse não ser a criança certa. É um roteiro bem escrito e habilmente desenvolvido. Outro aspecto que merece destaque positivo é o trabalho colossal e talentoso de Angelina Jolie no papel principal. Ela, por diversas vezes, já nos mostrou o talento dela, isso não é novidade, mas é sempre aprazível ver uma grande actriz dar-nos mais um excelente desempenho. Aqui, a actriz foi perfeitamente capaz de expressar com nitidez a angústia mental e a tortura psicológica que aquela mãe vivenciou. Além dela, o filme conta também com uma excelente contribuição de John Malkovich, no papel de um pastor religioso que está decidido a ajudar aquela mãe por a ver como uma vítima de uma polícia prepotente e cruel, e de Colm Feore, no papel do chefe da Polícia, e último responsável pelos seus erros e negligências. Tecnicamente, é um filme que apresenta excelentes valores de produção. O filme não é longo e o ritmo é excelente, o que permite a cada passo do enredo o tempo suficiente para obter o seu melhor desenvolvimento. Sendo um filme de época, os cenários e figurinos assumem uma maior relevância, e foram excelentes na tarefa de contextualizar o público e a história no tempo e no espaço. Por fim, uma palavra de apreço à extraordinária banda sonora do filme.