Autor: Filipe Manuel Neto
**Um bom filme bÃblico, mas sem a grandiosidade de outros semelhantes.**
Este é um dos muitos filmes bÃblicos que foram feitos e lançados em meados dos anos Cinquenta e Sessenta, altura em que o género esteve muito em voga. Explica, de um modo algo leve, a vida de Jesus Cristo, desde o Seu nascimento até à ascensão ao céu, contrariando assim a tendência de fazer filmes que se circunscrevessem apenas ao Seu nascimento ou aos acontecimentos da Paixão.
Sendo um filme naturalmente longo, o ritmo e a ausência de sentido épico poderiam ter sido problemas a enfrentar mas o director, Nicholas Ray, resolveu tudo de uma forma competente ao conceder alguma visibilidade adicional a várias personagens bÃblicas periféricas como Herodes, Salomé, Pilatos e Barrabás. Isso criou o inconveniente de terem de se criar cenas inteiramente novas, que não são tiradas dos Evangelhos, o que podia desagradar aos públicos mais puristas. Eu confesso, lidei bem com isso, na medida em que as cenas criadas não contradisseram os relatos bÃblicos nem se criou nenhuma história nova por detrás deles.
Acerca do elenco podemos referir a boa participação de Orson Welles, na qualidade de narrador, com uma dicção muito cuidada, e a boa performance de Jeffrey Hunter, que deu vida a Jesus, ou ainda de Robert Ryan, que fez o papel de João Baptista. Não conhecia estes actores, nem nenhum dos demais, nem sei se seriam famosos na época. Talvez o director tenha escolhido actores menos notáveis numa decisão consciente, a fim de conferir maior força e realismo à sua obra.
O pior deste filme é a escolha dos locais de filmagem, que nem sempre se assemelham à Terra Santa. Os cenários e figurinos, por sua vez, parecem historicamente convincentes e ficam bem na tela, mas carecem de toda a grandiosidade épica que encontramos em filmes como "Ben Hur" ou "Quo Vadis", onde tudo é maior e feito com mais detalhes.
Em 08 Jul 2018