Dia dos Namorados Macabro

Autor: Filipe Manuel Neto

**Não funciona.** Vi este filme recentemente e não fiquei particularmente impressionado. Filmes slasher são por natureza filmes que raramente se revelam notáveis, muito embora conquistem depressa uma pequena legião de fãs que lhe dão estatuto "cult". Este filme nem sequer se mostrou como um filme slasher verdadeiramente bom, muito em parte devido a um roteiro bastante fraco e à total ausência de ambiente. Tudo se passa na pequena cidade de Valentine, onde a festa principal é, como não podia ser de outra forma, o Dia dos Namorados. Essa cidade é uma pequena comunidade mineira que vive agrupada em volta de uma importante mina. Um dia, há um acidente e Harry Warden, um mineiro, fica louco e mata uma série de colegas e pessoas, forçando a cidade a deixar de fazer a festa anual. A partir de então, nasceu uma lenda urbana que, agora, vai ganhar nova vida com a iniciativa, liderada pelos jovens locais, de reactivar as festividades. O filme tem uma série imensa de problemas. George Mihalka foi um director pouco capaz que não soube aproveitar o melhor do filme para construir um ambiente tenso e sinistro, onde os túneis escuros e húmidos da mina fossem mais do que um local excelente para encontros de casais e bebedeiras ocasionais. O filme nunca nos assusta verdadeiramente, mesmo com todas as cenas de gore que pode apresentar. Tem um roteiro pouco interessante, onde os amores e desamores das personagens não interessam para nada. A história de Harry Warden, com pequenos toques de loucura e canibalismo, soa inverosímil demais e não é bem utilizada. As personagens são bastante fracas e até o vilão é esquecível, o que faz com que percamos o interesse no filme bastante depressa. A acrescentar à má construção das personagens, na maioria meramente pensadas para estar ali ou morrer, temos uma performance bastante medíocre do elenco, composto por actores e actrizes dos escalões mais básicos da dramaturgia, a ponto de nem sequer o protagonista ser capaz de cumprir com a sua tarefa com um mínimo de presença e protagonismo. A obsessão do filme por cenas românticas ou de namoro, além do evidente gore, também não ajudaram o elenco a sobressair, pelo contrário. Tecnicamente, é um filme bastante mau: a uma cinematografia desinteressante e baça com cores lavadas e um contraste extremamente baixo podemos somar cenários e figurinos pouco interessantes ou notáveis e uma banda sonora virtualmente inexistente. O que vai funcionando, e é o grande destaque deste filme, são as cenas de violência e mais intensas do ponto de vista visual. Os cortes, as mutilações e as mortes parecem reais o suficiente e há uma série de boas ideias, como o coração humano a cozer na panela das salsichas ou o corpo dentro da máquina de lavar. Mas isto não chega para fazer o filme funcionar.