Autor: Filipe Manuel Neto
**Uma boa adição, que ombreia bem com os filmes já existentes.**
Este é o terceiro filme da franquia *Hotel Transilvânia*, franquia de animação que tem feito muito bem, a todos os níveis, ao estúdio Sony Pictures Animation. E este filme esteve à altura das expectativas e ombreou em qualidade com os já existentes. É um filme de ritmo rápido, um pouco barulhento e que deixa ao público pouco tempo para pensar no que está a ver.
Neste filme, os monstros saem do seu hotel isolado e vão participar de um cruzeiro, a fim de o velho Conde Drácula poder, finalmente, tirar férias e esquecer um pouco a gestão do seu hotel. Ao mesmo tempo, o vampiro procura uma namorada nova, apesar de não ser capaz de admitir isso diante de Mavis, e fica encantado com a comandante do navio, Ericka, que porém oculta um segredo: ela é a bisneta do maior inimigo do Conde, o caçador de vampiros Abraham Van Helsing.
Não é um filme perfeito, mas encaixa-se bem no conjunto da franquia e mantém a sequência e a lógica dos filmes anteriores. Para isso, tenho a certeza, ajudou bastante o facto de manter os mesmos actores de voz e director, que agora assegura também a escrita do roteiro. Tal como o primeiro e o segundo filme, o amor – o “Zing” – é o grande tema do filme, e isso não só parece algo coerente como se adequa perfeitamente a um filme familiar. Os diálogos são bons e as piadas são ingénuas mas bastante inteligentes. Não farão rir à gargalhada, mas garantem boa disposição.
Apesar de a história contada ser geralmente boa, é muito previsível e óbvia, e isso pode afastar ou desagradar aos adultos. O final é ainda pior, pois é excessivamente açucarado, aquele tipo de final feliz onde tudo fica bem e todos ficam felizes e o amor está no ar em toda a parte. Um dos problemas do filme é a falta de desenvolvimento das personagens e a enorme quantidade de personagens a mais, num filme constantemente superpovoado onde, literalmente, vamos atrás da multidão. Várias personagens, como o Homem Invisível ou a Múmia, servem só para as piadas e partes cómicas. Outras são postas de parte, desaparecem. É o caso dos lobisomens, que são literalmente postos a dormir na maior parte do filme.
O trabalho dos actores de voz continua a ser excelente, e outra coisa não se podia esperar ao cabo de dois filmes com o núcleo central do elenco intacto. Pessoalmente, eu destacaria, como nos dois filmes anteriores, o bom trabalho de Adam Sandler, actor de que não é fácil para mim gostar mas que tem uma excelente voz e sabe perfeitamente como usá-la. Após um segundo filme onde as coisas não correram bem, Selena Gomez e Andy Samberg voltaram à boa forma, o que se deve a uma melhor utilização das suas personagens, maltratadas no segundo filme. Kathryn Hahn esteve à altura do desafio com uma voz alegre que encaixa na personagem dela, Jim Gaffigan foi uma boa escolha para o vilão e adorei a voz de Chris Parnell como Peixe. Além destes destaques, o filme conta, como habitual, com o bom trabalho de Steve Buscemi (apesar de a sua personagem ter tido pouca relevância), David Spade, Kevin James e Fran Drescher.
Tecnicamente, é um filme de animação computorizada de grande qualidade. O desenho geral e a qualidade da animação é mais detalhada do que no filme precedente, mas bom CGI é algo a que nos acostumamos nas animações modernas e que se tornou o padrão da indústria e uma característica exigida pelo público. Tem boa luz, boas cores e contraste. Não existe um esforço de realismo exagerado, e isso é bom. A banda sonora foi uma aposta forte do filme, e conta por fim com uma boa selecção de canções, na maioria já bastante conhecidas. As introduções de música tecno e trance ficaram a cargo do renomado DJ Tiësto, um dos nomes mais fortes da música electrónica europeia.
Em 26 Jun 2020