Incontrolável

Autor: Filipe Manuel Neto

**Um filme de acção competente, envolvente e bem construído.** Este filme, baseado muito ligeiramente num incidente que realmente aconteceu, relata a forma como um grande comboio de mercadorias circulou desgovernado a uma velocidade vertiginosa durante dezenas de quilómetros, sem condutor, e as tentativas feitas para o parar antes que descarrilasse e causasse vítimas ou danos incalculáveis. Dirigido por Tony Scott (que parece ter uma atracção por comboios, sendo este o seu segundo filme envolvendo um, um ano após ele ter dirigido e lançado "Taking of Pelham 123") é um filme de acção bastante competente, que me agradou e prendeu até ao final. É um filme bem construído, com premissas fortes e um desenvolvimento positivo, em que toda a tensão é construída aos poucos e vai aumentando à medida que as tentativas para travar o comboio vão falhando, umas atrás das outras. O filme é bom no esforço que faz para nos convencer do perigo que aquele comboio desgovernado representa, principalmente para as pessoas inocentes que vivem ou estão nas imediações da linha ferroviária. Nós realmente torcemos por elas, e pelos corajosos ferroviários que, no terreno, tentam pôr travão àquele comboio. Denzel Washington é, como habitualmente, um bom protagonista, ainda que tenha de dividir a ribalta com Chris Pine, igualmente um actor capaz e com presença diante da câmera. Ambos são muito bons quando contracenam juntos, e os diálogos entre eles alguns dos momentos mais profundos e reflexivos do filme. Se um dá corpo às cenas de maior acção, o outro é o "velhote sábio" do filme. Rosário Dawson é uma boa adição ao elenco, com um bom trabalho e uma presença agradável. O restante elenco, todavia, não sobressai nem merece nota. Fazem o que devem fazer sem se destacarem. Tecnicamente, o filme aposta forte na fotografia e num modo de filmagem que acentua a velocidade daquilo que está a ser filmado. De modo que o comboio parece, sempre, muito mais veloz do que provavelmente ele vai. Há poucas filmagens com a câmera estática, o que foi uma aposta consciente, e inteligente, de Scott. Os efeitos de som ajudam muito, e foram usados de modo competente. Resumindo, este é um filme de acção competente e capaz de nos prender desde o início. Não é brilhante, mas sabe envolver o público e dar-lhe duas horas de entretenimento de qualidade. Não promete mais do que isso, e é isso que nos dá.