Autor: Filipe Manuel Neto
**Quando o problema principal é sabermos demais, demasiado cedo…**
Assassinos em série vão sempre ser um prato cheio para filmes, bons e maus. Não vale a pena citar exemplos, quem estiver a ler isto provavelmente já viu, pelo menos, uns dez filmes acerca de assassinos em série. Este é mais um, com base num material original escandinavo que nunca vi, mas gostaria de ver e vou tentar encontrar. Sinceramente, espero que seja melhor do que o filme que acabei de ver…
O filme não é mau. Não me interpretem mal. Tem uma boa premissa de base: assassinatos que imitam obra de arte famosas um pouco por toda a Europa, com o pai de uma das vítimas a tentar desesperadamente apanhar o culpado. Mas não é nada original, faz as mesmas coisas que já nos cansamos de ver em filmes consagrados e não consegue sair da receita de sempre para nos oferecer algo que o faça destacar-se. E há um enorme problema que arruinou parcialmente o filme: nós descobrimos a identidade de quem anda a matar pessoas cedo demais e, a partir daí, só vale a pena ver o filme para vermos como é que a polícia vai caçar o seu alvo.
Jeffrey Dean Morgan é um protagonista muito sólido e competente, capaz de se empenhar e de dar à personagem a consistência e a angústia que ela lhe exige. Sem dúvida, a atuação dele é um bónus no filme. Apesar de ter sido bastante criticada, eu penso que Famke Janssen nem esteve assim tão mal. Ela realmente tem momentos deprimentes e às vezes exagera, mas dá-nos um trabalho relativamente satisfatório, e não tem muitas oportunidades para falhar de verdade. Joachim Krol parece estar deslocado e perdido. Naomi Battrick é bastante boa, tendo em conta que não é uma actriz da linha da frente e suportou bem uma personagem que exige certo carisma e atitude; Ruairi O’Connor, sinceramente, não pode dizer-se feliz, ele apaga-se a si mesmo até nas cenas onde tem mais visibilidade.
Tecnicamente, é um filme regular, sem grandes méritos, mas que também não falha muito: aos cenários e paisagens europeias, sempre agradáveis por mais corriqueiras que sejam, une-se uma cinematografia ‘standard’ e um trabalho ordinário de figurinos. Alguns efeitos bem conseguidos e uma banda sonora morna perfazem um todo coeso e funcional, ainda que esquecível.
Em 31 Jan 2023