Autor: Filipe Manuel Neto
**Um filme com alguns méritos, ainda que esteja muito distante da qualidade do primeiro “Dragonheart”.**
Após mais de um punhado de filmes, a franquia “Dragonheart”, que foi carregada ao colo pela produtora Rafaella de Laurentiis, conhece aqui mais um lançamento. Não há grandes méritos a apontar, além do facto de ser, supostamente, uma prequela ao primeiro filme.
O roteiro é basicamente mais do mesmo: voltamos a um período muito recuado da história de Inglaterra, logo após o final do Império Romano, a um lugar algures onde havia dragões e uma pequena monarquia onde um rapaz do campo acaba por se tornar rei ao ser reconhecido como o filho, nunca assumido, do falecido soberano local. O rapaz tem uma conexão com um dragão, assumida pelas marcas que carrega nas costas, mas essa conexão está incompleta, e é quando o reino é invadido por vikings que ele percebe a razão: a sua irmã, que ele pensou estar morta há muito tempo, voltou para reclamar o reino para ela por ter nascido um minuto antes do seu irmão recentemente coroado! Isto é aquilo que eu chamo uma vitória pela margem mínima!
Apesar de a história não ter rigorosamente nenhum laivo de originalidade, e de as sucessivas e pobres sequelas nunca terem sequer ombreado com o primeiro filme, posso dizer que este foi o filme de que mais gostei, logo após ao original, e a larga distância dele. A briga entre irmãos é um ponto adicional que funcionou bem na trama, ainda que seja muito idiota pensar que uma série de vikings vai adoptar um bebé numa cestinha só porque sim.
O filme conta com alguns actores que merecem uma menção positiva, começando por Sir Ben Kingsley, que volta a dar voz ao dragão com habilidade e talento. O trabalho de Tom Harries e de Jessamine Bell pode ser alvo de algumas críticas, nenhum deles é particularmente habilidoso, mas a verdade é que conseguiram ambos desembaraçar-se decentemente do desafio que estava nas suas mãos.
O CGI massivo utilizado pelo filme também me parece mais eficaz, mais bem introduzido e mais elegante do que tudo o que foi usado anteriormente (exceptuando a obra original, obviamente). O dragão que foi apresentado aqui é bom, funciona bem e é bem imaginada a forma como ele se comporta e interage com os humanos. O que realmente fica mal neste filme é a quantidade de maus figurinos, a má maquilhagem e a forma excessivamente fantasista como a Idade Média, num período muito concreto e recuado, foi retractada.
Em 26 Feb 2023