Autor: Filipe Manuel Neto
**Um filme moderno com diálogos arcaicos não funciona.**
Alterar ou mesmo usar material de Shakespeare sempre requer coragem e maturidade. Ele é, apenas, o maior autor em língua inglesa de todos os tempos. Baz Luhrmann teve essa coragem e muito mais, num filme que actualiza a mais famosa história de amor de sempre, trazendo-a até ao nosso tempo, para uma grande cidade do litoral. Isso pode desagradar aos puristas mas não é original e já sucedeu a outras histórias e outros autores. No entanto, o filme tem a característica de manter, quase na íntegra, os diálogos originais de Shakespeare. Confesso que gostei de ouvi-los mas há uma discrepância natural e desagradável entre o texto renascentista e o ambiente urbano retractado: eles discordam um dos outro pela mais óbvia das razões, prejudicando o filme como um todo. Se a ideia era trazer a história para os tempos modernos, a solução natural teria sido actualizar diálogos mas, se a opção fosse manter intacto o texto original, era melhor um filme de época. Misturar os dois conceitos não funcionou.
O filme apresenta Leonardo DiCaprio e Claire Danes nos papéis principais. DiCaprio ainda estava a colher os frutos da sua ascensão como "menino bonito do cinema" pós-Titanic, enquanto Danes era uma anónima cara bonita, uma Julieta que queria ser ingénua e jovem. Na verdade, a actriz mostrou muito pouco talento além da sua beleza física, soando sempre pouco convincente e desapaixonada. Harold Perrineau provavelmente nos dá a performance mais controversa aqui, transformando Mercúcio num travesti afro-americano cheio de brilhantina. Pete Postlethwaite esteve muito bem como padre e Miriam Margoyles brilhou no papel de aia.
Os cenários são curiosos e cheios de exageros, num estilo entre o "kitsch" e o "noveau-riche". Isso pode ser visto, particularmente, na casa dos Capuleto, que podia ser a mansão de qualquer novo rico, com toda uma decoração fortemente ostensiva e de mau gosto. Esses elementos também são visíveis no mausoléu da família, com velas e cruzes de néon. Ali, Danes e DiCaprio sobressaem pela sobriedade dos seus figurinos. A banda sonora usa sabiamente algumas peças de música clássica, mas isso não casa bem com as peças modernas que foram igualmente usadas.
Em 26 Jun 2018
Autor: Rosana Botafogo
**English**
My God, what a sad and unnecessary movie, a very exaggerated parody, but not all the world was enough to cheer up this poor, blandly soporific film... That said, its complementary soundtrack successfully reached the "MTV Generation": a young audience of similar age to the characters in the story. The only thing that made the movie worth watching is the freshness of youth and beauty associated with the chemistry between Leonardo DiCaprio and Claire Danes...
**Portuguese**
Meu Deus, que tristeza de filme horrível e desnecessário, uma paródia bem exagerada, mas nem toda do mundo foi suficiente opara alegrar a pobre película insossamente sonífera... Dito isso, sua trilha sonora complementar atingiram com sucesso a " Geração MTV ": um público jovem de idade semelhante à dos personagens da história. A única coisa que fez o filme valer a pena é o frescor da juventude e beleza associada a química entre Leonardo DiCaprio e Claire Danes...
Em 30 Dec 2024