Autor: Filipe Manuel Neto
**Um filme que usa o minimalismo com inteligência.**
Este filme não prometeu muito mas acabou por merecer os meus parabéns. Viajar para fora do corpo, o sonho ou a hipnose, são temas raros em filmes de terror e dão corpo ao filme de uma forma elegante e sólida. O filme não nos permite ter uma percepção imediata do que realmente está a acontecer e isso ajuda a prolongar o suspense e o mistério que, gradualmente, se torna mais intenso, conquistando o público.
James Wan, o director, fez a sua reputação com a franquia "Saw", que não aprecio por ser muito gráfica. Aparentemente, esse director é realmente capaz de fazer horror sem recorrer a litros de sangue falso. Lin Shaye é a actriz mais notável do filme, com uma forte presença e um carisma baseado em experiência e talento, mas Patrick Wilson, no papel de Josh, também ficou à vontade e fez um bom desempenho, em harmonia com Rose Byrne.
O filme tem um final interessante, embora sem a intensidade que podÃamos esperar. Outra coisa que acho agradável é o uso de soluções cinematográficas que são alternativas à avalanche de efeitos especiais a que estamos acostumados, como foi feito para quando foi decidido mostrar "O Além" como um lugar escuro e nebuloso. Os efeitos sonoros, um cenário de casa assombrada clássica e uma cinematografia propositadamente cinzenta fazem o resto e tornam este filme memorável.
Refinado e elegante, o filme usa alguns clichés usuais nos filmes de horror, mas fá-lo da maneira certa e tão convincentemente que acaba por ser outro ponto positivo neste filme de grande qualidade.
Em 12 May 2018