Autor: Filipe Manuel Neto
**Visualmente grandioso e cheio de acção barulhenta, mas é só isso.**
Construir uma franquia inteira em cima do sucesso estrondoso de dois filmes foi um erro, e a comparação entre *Exterminador Implacável 2* e este filme é até injusta. Através deste filme, viajamos até um futuro apocalíptico, onde um programa chamado Skynet conseguiu iniciar uma guerra entre humanos e máquinas. A resistência humana é liderada, claro, por John Connor. Mas o que fazer quando chega até ele um homem que pode não ser quem diz que é?
Eu sinceramente não quero falar muito sobre a trama porque falar demasiado sobre ela implica, na minha perspectiva, revelar demasiado sobre o filme, e eu sinceramente não quero fazer isso. Isso deve-se ao facto de ela ser demasiadamente simples e fina, além de um pouco óbvia, sendo bastante fácil adivinhar os principais acontecimentos e reviravoltas. Na verdade, o roteiro, não obstante tentar oferecer-nos algo mais além de cenas de perseguição, acaba por ser só um pretexto para cenas de acção, umas atrás das outras, sendo a história relegada para segundo plano.
É bastante evidente que o director McG (que pseudónimo mais absurdo, parece uma marca de automóveis!) apostou todas as suas fichas na criação de um filme ao estilo “blockbuster de acção”, e investiu largamente nos valores de produção e em cenas de acção barulhentas e muito impressionantes, descurando quase tudo o resto, e deixando que o nome “Exterminador Implacável” ajudasse a tornar o filme vendável.
O elenco é satisfatório. Como não podia deixar de ser, Arnold Schwarzenegger volta a assumir o papel de exterminador, mas numa versão computorizada de si mesmo, feia e desinteressante o suficiente para decepcionar qualquer um. Christian Bale também podia ter feito melhor. Ele é uma sombra de si mesmo aqui. Em contraciclo, Sam Worthington oferece-nos uma personagem complexa e carismática, e Anton Yelchin também nos brinda com um desempenho consistente e sólido. Infelizmente para ambos os actores, o filme é pouco interessante, e tenho dúvidas se algum deles guarda boas memórias deste trabalho.
É, verdadeiramente, nas características técnicas que este filme mostra algum valor e justifica o seu orçamento. A acção é o prato forte do filme e foi pensada para satisfazer os públicos que se comprazem com muita destruição, tiros, explosões e barulho. Isso não é necessariamente mau, pelo contrário, é algo bem-vindo neste tipo de filme, mas por vezes o excesso também é pecado e o exagero tira alguma credibilidade a algumas cenas, transformando o filme em algo tão real e emocionante como um grande e caro videojogo. A cinematografia é muito boa, o filme tem um visual elegante e o mundo destruído é impressionante. Os cenários e figurinos são muito bons e os efeitos especiais e CGI são grandiosos, feitos para impressionar.
Em 19 Mar 2021