Downton Abbey

Autor: Filipe Manuel Neto

**Um bom trabalho, que honra a série original.** Depois de uma excelente série de TV, Downton Abbey chega por fim ao cinema, após muita insistência dos fãs. O filme mantém muita coisa da série e lembra bastante um episódio estendido. Por isso, eu não me vou alongar muito, penso que a crítica que fiz para a série serve perfeitamente para este filme. O filme retoma a história onde a série terminou, nos fins dos anos Vinte, e gira em torno de uma visita da Família Real à região do Yorkshire, na qual irá dormir e ter um grande jantar na mansão da família Crawley. Para eles, é sem dúvida um momento de grande ansiedade e prestígio, mas para os seus criados de sempre, vai certamente ser uma dor de cabeça e implicar imenso trabalho, o que todos aceitam de bom grado dada a perspectiva de poderem, de facto, servir os réis do seu país. Mas como a Família Real viaja com uma vasta comitiva de servidores, a tarefa não vai ser fácil. O elenco que marcou a série está de volta, tanto nos salões quanto nos pisos de serviço. Vou escusar-me a nomear os actores, mas creio que são excelentes e merecem todo o reconhecimento que tiveram com este trabalho de perfeita recriação histórica. Sim, porque se há algo que é notório neste filme, assim como na série, é o cuidado e a atenção aos detalhes e na reconstrução da época e dos ambientes que foram retractados. Claro que o uso de boas localizações de filmagens ajudou a tornar a série (e o filme) mais realista e autêntico, e não há dúvidas que Highclere Castle, a casa utilizada para dar vida a Downton Abbey e que, na vida real, pertence ao Lorde Carnarvon, é perfeita para isso. Além dos cenários e figurinos excelentes, o filme tem excelentes valores de produção: uma fotografia bastante competente e com cores agradáveis, uma banda-sonora notável importada da série original, um bom trabalho de filmagem e edição. O roteiro, além de uma boa história, acrescenta alguns desenvolvimentos à história pessoal das personagens que vimos acompanhando desde 1912: esta foi, provavelmente, a despedida da Condessa Violet, interpretada por Maggie Smith, bem como de Carson, o imortal mordomo que, pela última vez, volta à actividade; Tom Branson parece pronto para uma nova página da sua vida; Tom Barrow, por sua vez, é finalmente uma personagem agradável e digna da nossa simpatia, após uma série inteira em que foi um vilão e fez uma longa jornada de expiação. Não vou dizer mais, o melhor é ver o filme. Vale a pena. Será esta a despedida para Downton Abbey? Depois de várias temporadas na TV, num dos mais viciantes e elegantes programas televisivos da década, e de um filme cheio de qualidade que, com certeza, agradou aos fãs inveterados da série, é difícil dizer. Eu, pessoalmente, gostaria de ver mais, mas só se a qualidade do que vier igualar a do material já feito. Não desejaria ver Downton Abbey arrastar-se e perder qualidade apenas por pressão dos fãs ou por interesses industriais. Há um tempo correcto para acabar. Mas só o futuro dirá se as portas da mansão dos Crawley voltarão a abrir-se para nós novamente.