Autor: Filipe Manuel Neto
**Um Homem-Aranha brutalmente humano e falível, que nem todos irão engolir facilmente.**
Este filme é a previsível sequela do filme "Homem-Aranha" de 2002. Neste filme, continuamos a seguir a vida do jovem Peter Parker e a forma difícil como concilia duas vidas distintas: o vingador mascarado e o cidadão comum sempre cheio de responsabilidades. O filme é bom, tem uma história interessante e mostra um Homem-Aranha muito mais humano, inseguro e adolescente do que noutros filmes deste super-herói, o que pode ser encarado como uma lufada de ar fresco na personagem.
Compreendo aqueles que dizem que não gostaram do modo como a personagem principal foi pensada nesta trilogia. É algo que, de certo modo, rompe com a imagem estilizada e artificial do super-herói. No entanto, faz todo o sentido: Peter Parker pode ter super-poderes, mas continua a ser um adolescente, um jovem adulto, como vocês quiserem chamar. As cenas de acção e de luta entre heróis e vilões estão lá e o vilão é, tal como no primeiro filme, o fruto de um acidente durante uma experiência científica que fracassou devido ao seu próprio ego. Há uma certa noção de karma aqui: o vilão não nasceu vilão nem é necessariamente e inteiramente mau, mas é fruto das más escolhas que fez anteriormente. A sua personalidade, enquanto vilão, é a mesma de antes mas os defeitos que tinha são potenciados e amplificados pelos poderes que ele adquiriu.
Problemas ou defeitos? Sim, existem. Para começar, o filme perde mais tempo em cenas acessórias e desnecessárias do que o seu antecessor. Senti que, em certos momentos, o filme se alonga em demasia e isso prejudica um pouco o ritmo. Também achei toda a trama fortemente previsível. Meia hora antes de as coisas acontecerem já eu as antecipava mentalmente.
Tobey Maguire, continua a parecer-me bastante satisfatório como Homem-Aranha. Ele sabe ser um herói sem deixar de fora o seu lado mais humano. Kirsten Dunst e James Franco também se souberam manter à altura do trabalho desenvolvido no primeiro filme e, se não melhoraram, também não pioraram. Alfred Molina, que deu vida ao vilão, Dr. Octopus, surpreendeu-me por não esperar ver este actor a fazer este tipo de personagem.
Tecnicamente, o filme não me surpreendeu. Penso que melhorou bastante em termos de efeitos visuais e CGI, quando comparado com o primeiro filme, e há algumas cenas verdadiramente bem filmadas. Mas é essencialmente isso. A banda sonora é regular, mas não sou mesmo capaz de ouvir aquela canção do "Homem Aranha" sem pensar, imediatamente, no "Spider Pig" e no Homer Simpson. É mais forte do que eu!
Em 09 Oct 2019