Autor: Filipe Manuel Neto
**Este filme devia ser queimado. Com todas as cópias.**
Os filmes para adolescentes têm o dom de levar o absurdo ao limite, e este filme é perfeito para o exemplificar. Apresentando-se como um “found footage”, mostra a forma como uma festa de aniversário de colégio, inicialmente pensada para alguns amigos, sai do controlo ao ser publicitada massivamente, levando quase dois mil jovens sedentos de álcool, barulho e sexo para uma casa onde os adultos estão convenientemente ausentes. O que se segue é pura e simplesmente toda a sorte de loucuras que se podem imaginar numa festa, e um rasto de destruição e caos que parece não preocupar ninguém.
Acho que já mostrei, por outras resenhas que tenho escrito, que não sou fã deste tipo de filme e acho que não têm nada de artístico nem de cómico. Este filme bateu todos, ou quase todos, os recordes de estupidez ao fazer a apologia da loucura e da embriaguez. Se eu fosse polícia, eu teria usado munições reais naquela canalha e não balas de borracha. Mas o pior foi ver, no final de tudo, com o bairro meio queimado e a casa totalmente destruída, a cara daquele pai que, enquanto ia puxando o próprio carro de dentro de uma piscina, se revelava incapaz de repreender o filho dele, mostrando até uma ponta de orgulho! Orgulho em quê? Ele reuniu uma multidão de Hunos! Eles destruíram a casa, as casas ao redor, tudo! Aquele pai vai viver o resto da vida atolado em dívidas, vai ver o filho atolado em processos, e seguramente feliz por não ir preso durante anos, como ele merecia! Orgulho em quê? Se um filho meu fizesse um pouco do que aquele fedelho fez, não só iria apanhar uma sova como eu iria obrigá-lo a trabalhar duro para pagar os prejuízos. Educação começa em casa, com regras e limites. E este filme é a glorificação da ausência de limites. Depois os adolescentes começam a achar tudo isto muito bom e a querer imitar… não digam que não é verdade.
O filme é simplesmente mau, triste e deprimente. Não tem piada, transpira amadorismo por todos os poros e é simplesmente estúpido na sua essência. Além disso, e de tudo o que eu já disse acerca do quão errado é o conceito deste filme, é tudo altamente inacreditável. Não dá para acreditar que mais de mil pessoas beberam e consumiram drogas sem raciocinar no que estava a acontecer ao redor delas. Alguém teria feito parar toda aquela loucura, pois nem todos os jovens são assim e há muitos que se abstêm de excessos. E não é possível acreditar que em todo o bairro apenas um vizinho iria revoltar-se com tudo aquilo, ou que a polícia ia ser tão branda. É simplesmente demasiado falso e artificial para ser credível. E talvez não valha a pena falar das personagens cliché, feitas de estereótipos uni-dimensionais, e do elenco de canastrões, feito com o aproveitamento dos piores alunos das escolas dramáticas.
Excessivo, inacreditável, brutalmente estúpido e dolorosamente artificial, este filme não tem qualquer utilidade. Só vai servir para os adolescentes o tentarem imitar, em muito pequena escala. Por isso, todas as cópias do filme deviam simplesmente ser queimadas.
Em 23 Aug 2020
