Autor: Filipe Manuel Neto
**Um bom ‘Western’, com alguns problemas que o impedem de ser excelente.**
Pessoalmente, penso que o ‘Western’ é um género de cinema focado no entretenimento e na acção, e penso que isso está geralmente correcto. Não vi muitos filmes ‘Western’ que se possa dizer serem grandiosos (embora existam). Este filme é bom, está para além da mediania, mas não é livre de problemas e defeitos.
A trama baseia-se numa quadrilha que faz o seu último assalto a um banco. Eles sabem que, em pleno século XX, são já parte de um mundo em extinção e os tempos são muito diferentes. As coisas correm mal: era uma armadilha montada pelas autoridades, e isso força-os a cruzar a fronteira para o México e a passar um tempo insano a olhar por cima do ombro enquanto um grupo de caçadores de recompensas, sanguinários e com poucos escrúpulos, parte no seu encalço e se aproxima do seu objectivo.
A trama, em si, não tem nada de especial. Já vimos isto incontáveis vezes. O epicentro e alma dos ‘Western’ costuma ser sobre o duelo entre criminosos e as forças da lei, e muitas vezes mostra claramente que há muito pouca diferença entre ambos os lados da moeda. No entanto, isso não constitui nenhum problema. O primeiro grande problema do filme é a sua duração excessiva e ritmo exageradamente lento: a acção é interrompida por um conjunto variado de cenas de pouco interesse ou diálogos de pouca relevância: ao cabo de uma hora de duração, eu já queria simplesmente que eles se matassem todos. Penso que uma parte, pelo menos, dessas cenas foi uma tentativa para desenvolver melhor um núcleo de personagens mais centrais. Porém, o esforço fracassa porque não são capazes de se tornar interessantes, a ligação que prende o público às personagens não existe.
Dirigido por Sam Peckinpah (não conhecia este director), é um filme bastante regular, e que aposta muito em boas cenas de acção com algum sensacionalismo misturado. Bons actores com vasta experiência brindam-nos com um esforço elegante e empenhado, particularmente William Holden, Albert Dekker, Ernest Borgnine e Robert Ryan, e vale a pena ver a forma como eles dão vida às personagens. A acção existe e é explosiva, não há qualquer preocupação em poupar civis e o resultado é uma carnificina completa bem ao gosto norte-americano. A cinematografia é bastante boa, os efeitos também, os locais de filmagem são muito eficazes. A banda sonora compreende-se, mas não é agradável.
Em 15 Oct 2023