Autor: Filipe Manuel Neto
**Quando a emoção e o senso de justiça falam mais alto que a razão.**
Por muitas décadas, a indústria cinematográfica americana retratou os índios como bandidos, num retracto posteriormente reforçado nos "westerns-spaghetti". Neste filme, finalmente, vemos os índios como provavelmente eram: um povo com uma cultura que os americanos brancos não conseguiam entender.
O oficial de cavalaria John Dunbar, por outro lado, entendia os índios, por força do seu isolamento, numa posição militar isolada em meio a uma vasta pradaria. Porém, acabou por ser aculturado por eles ao ponto de se casar com uma mulher indígena. A partir daí, a personagem segue o seu coração e o seu senso de justiça mais do que o seu discernimento racional e sentido de dever militar. A história é profundamente romântica e tem um toque de tristeza porque nós, o público, conhecemos o destino daqueles índios, sabemos o que lhes aconteceu, em última análise, e o filme mostra-nos a forma injusta e cruel com que a nação norte-americana foi construída: roubando terras a um povo que sempre ali estivera anteriormente.
Kevin Costner dá-nos, neste filme, uma das performances interpretativas mais notáveis da sua carreira. Ele foi brilhante no papel do jovem oficial norte-americano, a quem o medo, a necessidade e a curiosidade levam a iniciar um diálogo e uma convivência com os índios. Mary McDonnell interpretou a jovem índia que se casa com ele e encheu a sua personagem de gentileza, compreensão e alegria. A maneira como os índios são representados parece historicamente precisa, até onde me foi possível observar, assim como a representação dos americanos brancos. O amplo cenário da pradaria é uma bela adição, tornando o filme visualmente surpreendente e bonito. Algumas sequências de filmagem, como casamento ou a caçada ao búfalo, são dignas de antologia.
Em 20 May 2018