Autor: Filipe Manuel Neto
**Puro entretenimento, mas podia ser melhor.**
Qualquer um que tenha viajado de avião geralmente odeia esperar muito tempo no controlo alfandegário ou de passageiros e pode perder a compostura com atrasos ou perdas de bagagem. Neste caso, o passageiro infeliz interpretado por Tom Hanks vai passar por um pouco de tudo isso por ter perdido a sua própria nacionalidade, terminando com uma retenção "ad aeternum" no terminal do aeroporto de Nova Iorque.
Assumindo que este filme é uma comédia com algum romance, a ideia é boa, mesmo que pareça pouco lógica. Apesar deste começo promissor, o roteiro acaba perdido em trivialidades e enormes buracos de enredo. Um dos mais notórios é o facto de Viktor, o personagem de Tom Hanks, que dificilmente falava uma palavra de inglês, ter aprendido a língua tão depressa. A sua história com Amelia (interpretada por Catherine Zeta-Jones) também não se encaixa no resto do filme, de modo que é rapidamente cortada num final simples e abrupto. Tom Hanks merece, no entanto, os nossos parabéns. Ele foi novamente perfeito no seu trabalho. A personagem poderia ser apenas uma caricatura de qualquer cidadão dos antigos países da URSS, mas ele conseguiu dar-lhe uma alma muito gentil e paciente, que facilmente conquista o público. Zeta-Jones teve menos sorte com a sua personagem, mal planeada e mal inserida na trama. No entanto, ela fez um trabalho decente e satisfatório. Stanley Tucci faz um bom vilão na pessoa do director de imigração do aeroporto, Frank Dixon, mais preocupado em cumprir regulamentos e evitar manchas no curriculum do que em ser minimamente humano. Ele deu rosto à máquina burocrática e impessoal do sistema aeroportuário.
Este filme é puro entretenimento e funciona muito bem sob esta luz, mas poderia ter sido mais inteligentemente desenvolvido em vários aspectos.
Em 25 Apr 2018