Matrix

Autor: Filipe Manuel Neto

**Muito estilo, mas isso foi bom.** Este filme é um daqueles clássicos que até quem nunca viu conhece de ouvir falar. E eu digo que é um clássico porque acredito que já conquistou esse estatuto. Era jovem quando estreou, mas lembro-me do impacto que teve e não há dúvidas que deixou marcas. Não vou alongar-me a descrever a história. Apenas quero dizer que acho interessante a forma como foi desenvolvida. É uma boa história e mantém o nosso interesse até ao fim. A parte mais fraca é a trama romântica de Neo e Trinity porque as duas personagens nunca têm qualquer química no filme. De facto, o filme não pedia romance. Isso foi o maior erro deste filme. As personagens não têm humanidade e parecem máquinas a maior parte do tempo... A indumentária, com aqueles óculos escuros até de noite e o uso de roupas em vários tons de preto (adorei a batina que arranjaram para Reeves, ele podia pensar em ser padre se um dia se cansar de ser actor) dá o toque final. Chama-se "estilo". Keanu Reeves é perfeito para a personagem dele. Ele é um daqueles actores que eu detesto por causa da falta de expressividade dramática dele, aqui como noutros filmes que fez. Já vi traseiros mais expressivos que a cara dele, desculpem-me as palavras mas é a verdade. Neste filme, ele quase nem move músculos faciais. E os outros actores (Laurence Fishburne e Carrie-Anne Moss, especialmente) seguem o mesmo caminho. Chama-se "estilo"! Para sorte de todos os envolvidos, o filme pedia isso e isso funciona bem na tela. Fishburne, especialmente, está incrível. Este é um dos melhores filmes dele até hoje, na minha opinião. Os valores de produção são extraordinários. Além de uma excelente banda-sonora, temos grandiosos efeitos especiais, visuais e de som. A cinematografia é uma das melhores e mais bem conseguidas que já vi em filmes sci-fi, e isso não é dizer pouco. O trabalho de câmera e de filmagem é excelente. Okay, eu posso parecer um pouco duro mas de facto gostei do filme. O maior problema (e também uma das suas características mais marcantes) é ter tanto "estilo". Não sendo um filme perfeito, apostou inteligentemente na criação de um estilo próprio. Muito superlativo, aqui existe permissão, até vantagem, em se ultrapassarem as barreiras do verosímil e do lógico. Não há problema em aquele tipo parecer uma bailarina quando luta. Se fica incrível na tela, o filme permite-o, o filme quer isso. Não tem a ver com realidade, tem a ver com parecer fixe. E o filme parece fixe o tempo todo, ao ponto de isso ser, por vezes, engraçado. Não é por acaso que o filme rendeu tantos memes de internet e paródias humorísticas.