Autor: Filipe Manuel Neto
**Merece um final muito melhor.**
O cinema francês, não raramente, oferece-nos algumas pérolas. Esta é mais uma. Um thriller sólido e bem feito com acção e suspense e dois excelentes actores nos papéis principais. O que me desiludiu um pouco foi o final, que cai num cliché absurdo.
O roteiro baseia-se numa aparente coincidência: dois polícias que investigam casos isolados acabam por perceber que terão de colaborar para resolver um caso que acaba por os unir: uma onda de assassinatos macabros e misteriosos em torno de uma antiga e prestigiada universidade, isolada no meio dos Alpes franceses.
Grande parte da qualidade do filme vem da excelente actuação de Jean Reno e Vincent Cassel, dois dos mais internacionais e notáveis actores franceses da actualidade. O primeiro deu vida a um detective profissional, trabalhador e implacável, enquanto o outro foi capaz de incorporar perfeitamente um polícia jovem e pouco convencional. Os outros actores, para mim, eram um grupo de notáveis estranhos que só davam apoio a estes dois profissionais, mas é importante destacar que todos fizeram bem o que tinham que fazer.
O filme aproveitou bem as paisagens geladas dos Alpes, bem como todo o ambiente de inverno. A banda sonora é muito boa e acrescenta suspense nos momentos certos, além dos bons efeitos sonoros, visuais e especiais. Não é um show de CGI, todavia. Baseia-se inteiramente no peso dos dois actores principais, na capacidade de interpretação deles e na história contada.
Como mencionei inicialmente, o filme está perfeito até bem perto do fim, quando tenta surpreender com uma reviravolta que, para mim, não fez sentido e prejudicou a trama. O clímax, no meio de um glaciar, é absolutamente cliché e enfadonho, e acaba recorrendo à solução esfarrapada do gémeo mau vs. gémeo bom. Absurdo. Teria sido melhor resolver o filme de outra forma, ele merecia. Enfim, como isso acontece já na parte final, o filme continua sendo um daqueles que gosto de ver.
Em 08 Oct 2020