Autor: Filipe Manuel Neto
**Uma comédia ligeira que funciona razoavelmente, mas que acaba por ser esquecível.**
Vi este filme quando era mais novo, há quinze ou vinte anos atrás, e gostei bastante. No entanto, o tempo passa, nós mudamos, e quando o vi ontem à noite não consegui sentir a mesma graça que havia sentido. Tudo começa com um assalto e o roubo de uma grande quantidade de diamantes. Os ladrões são uma equipa que não se conhece bem, mas onde não há honra: após se traírem e um acabar na prisão, os diamantes desaparecem. Enquanto procuram descobrir o que lhes aconteceu, o grupo vai ter a tarefa difícil de tentar iludir as autoridades e, também, matar a única testemunha que os pode incriminar.
O filme conta com um elenco forte, carregado de nomes notáveis: Jamie Lee Curtis, John Cleese, Kevin Kline, Michael Palin e Tom Georgeson. Apesar do protagonismo pertencer a Cleese e a Curtis, nenhum deles está em muito boa forma e isso deu espaço aos actores secundários. Sejamos honestos: Cleese ainda faz um esforço digno de mérito, mas é Kevin Kline que ultrapassa toda e qualquer expectativa. Ele é engraçado, acutilante e contracena maravilhosamente com Curtis sem que esta consiga ter fôlego para o acompanhar.
Apesar dos esforços honoráveis do elenco, o filme é bastante desinteressante. Nos pontos mais técnicos, é absolutamente banal em todos os aspectos, e eu diria até que me pareceu um filme barato e que opta por soluções muito económicas, mas funcionais. O humor está lá, ainda funciona minimamente e as reviravoltas do roteiro, associadas à velocidade com que tudo acontece, mantêm a história em andamento sem permitir ao público pensar sobre isso. Mas não é um estilo de humor capaz de nos arrancar gargalhadas. Este filme foi indicado a três Óscares em 1989 e merecidamente venceu na categoria de Melhor Actor Secundário graças à “tour de force” de Kline. Mas a verdade é que, hoje, quase ninguém se lembra dele. Não deixou memória nem mesmo no panorama da comédia da época.
Em 12 Feb 2024