Autor: Filipe Manuel Neto
**Um final digno para uma franquia que demorou a cativar o meu interesse.**
Não gostei muito do primeiro filme como, aliás, cheguei a mencionar no texto que fiz para ele. Todavia, fui capaz de gostar da sequela, e apesar de este filme não ser tão bom quanto, acaba por ser conseguir dar um final decente à trilogia: Dante e Randal continuam a gerir a sua loja, e ambos são assombrados por doenças cardíacas, fruto dos maus hábitos de vida que tiveram. Após recuperar de um problema de coração, Randal decide fazer um filme autobiográfico assente na sua experiência profissional.
O filme foi especialmente pensado para os fãs de Clerks. Não há qualquer preocupação em captar novos públicos ou agradar ao geral, sente-se desde o início que é um filme pensado para encerrar um trabalho maior, não para lhe dar continuidade. A maior prova disso acaba sendo a omnipresença das temáticas de cunho metafísico, como a doença, a religião, a morte e o que acontece depois dela. As personagens são as mesmas do costume, sendo que o filme até conta com algumas aparições especiais (como havia sido costume nos filmes anteriores), e não há nada de surpreendente naquilo que elas fazem ou dizem.
O elenco mantém-se o mesmo, com Brian O’Halloran e Jeff Anderson a pontificarem e dominarem tudo com um trabalho notável, muito bem conseguido. Ao lado deles estão Jason Mewes e Kevin Smith, que têm uma parte importante nas cenas mais hilariantes. E apesar de Rosario Dawson ter boa capacidade e talento para a comédia, a personagem dela assume aqui uma faceta muito mais dramática e profunda, o que deu maior emotividade ao filme.
Em 20 Apr 2023