Autor: Filipe Manuel Neto
**Uma excelente comédia romântica e um dos melhores trabalhos de Billy Wilder.**
Vi este filme ontem e gostei imenso. Já tenho visto outros filmes com os mesmos actores e não há dúvidas de que esbanjam talento e é sempre uma aposta segura ver os filmes que fizeram. Esta comédia romântica, ao contrário de muitas das actualmente produzidas, não parece insossa ou excessivamente açucarada: o romance e a comédia enlaçam-se dentro da medida ideal para nos fazer rir e gostar das personagens e da história.
Dirigido e escrito inteligentemente por Billy Wilder, que nos dá um dos melhores filmes da sua carreira, traz-nos a clássica história da filha dos empregados que se apaixona pelo filho dos patrões. Já vi isto em filmes, em peças de teatro, em telenovelas de quase todos os países… é uma das ideias mais velhas para um filme romântico. O que realmente dá força ao filme é a forma como o director concebe tudo e deixa a sua visão impressa em cada detalhe. Nessa sua visão inclui-se a comédia muito inteligente e o elenco carregado de talentos e encabeçado pela magnífica Audrey Hepburn, a viver um dos momentos mais interessantes da sua carreira. Ela não podia parecer mais elegante e foi interessante ver como a actriz, tão associada a personagens nobres ou refinadas, encarnou uma que vem de origens tão modestas! Também gostei muito de William Holden, que faz um trabalho muito empenhado e inteligente. Quanto a Humphrey Bogart… ele é sempre uma aposta segura, um actor que se empenha a fundo no seu trabalho e garante resultados, mas se até mesmo ele tinha consciência de que era velho demais para o papel, que posso eu dizer? Ele tinha toda a razão…
A nível técnico, não há muito o que dizer: o filme não aposta muito em grandes efeitos e em recursos cinematográficos complicados. Aliás, considerando bem as coisas, parece o tipo de filme onde a maior fatia do orçamento foi gasta para assegurar a presença de um elenco escolhido a dedo. A cinematografia é bastante regular, funcional e prática, a banda sonora não traz grandes notas de qualidade e passa despercebida, os cenários e figurinos cumprem maravilhosamente o seu papel, mas estão dentro daquilo que esperávamos ver. Claro, os figurinos são um ponto interessante do filme, com uma contribuição valiosa de Hubert de Givenchy (injustamente não creditado) bastante evidente por trás dos esforços da produção.
Em 23 Jan 2024