Autor: Filipe Manuel Neto
**Uma excelente aventura australiana com cheirinho a Velho Oeste.**
Adorei este filme. Filmes de tema aventureiro agradam facilmente a quase toda a gente, e com um elenco tão bom e uma história tão bem contada é difícil para este filme falhar o alvo. O filme é uma história muito interessante e bem escrita sobre uma rica aristocrata britânica que viaja à Austrália para saber notícias do marido, que está por lá aos comandos de um rancho de gado. O que encontra não é o que esperava: o cadáver do marido, uma propriedade desprezada e uma grande disputa em torno das terras.
O que mais me encantou no filme foi a história e a forma como ela se desenvolve, dinâmica e cheia de sentido de aventura. As cenas de abertura são verdadeiramente fantásticas e as cenas de acção, com os bois, são emocionantes. A história é envolvente e, apesar de ser um filme um pouco mais longo do que o normal, isso não atrapalha porque nem sentimos o tempo a passar. O filme funciona verdadeiramente bem, presta uma homenagem comovente ao povo nativo australiano e, também, a um dos filmes clássicos mais notáveis de sempre, *O Feiticeiro de Oz*, cujas cenas são aproveitadas nalguns momentos do filme.
Um dos grandes factores que fez o filme tão bom é o excelente trabalho dos actores. Nicole Kidman é linda, está na sua melhor forma aqui e parece estar verdadeiramente a aproveitar e a divertir-se com o trabalho que faz. Hugh Jackman, australiano de gema, aproveita bem o sotaque nativo e dá à sua personagem uma autenticidade e rusticismo quase palpáveis, e foi excelente ver a maneira como ele e Kidman trabalharam juntos e a química que construíram, e que soa quase sempre bem. Brandon Walters foi uma surpresa, tendo em conta a juventude do actor e o talento que demonstrou. É uma jovem promessa que gostarei de ver trabalhar em mais filmes futuramente. Gostei bastante do trabalho de Essie Davis e Bryan Brown, penso que ambos os actores fizeram um trabalho digno e muito bem conseguido. Menos interessante, pelo menos para mim, foi o desempenho de David Wenham, outro actor australiano (a aposta no elenco de origem nativa foi inteligente, sem dúvida). A personagem parecia um pouco cliché demais para ser crível e o actor sofreu com isso.
Tecnicamente, o filme mostra bem o valor do seu orçamento e tem muita qualidade, começando pela extraordinária cinematografia. É dos filmes mais visualmente bonitos que vi este ano, e isso quer dizer qualquer coisa para um homem que vê, quase, um filme diferente todos os dias. O filme aproveita da melhor forma as paisagens australianas selvagens e o CGI usado para recriar as cidades e outros ambientes é muito bom e bonito, embora seja por vezes evidente que é uma tela verde e não um lugar real. Essa sensação de falta de autenticidade aumenta nas cenas finais, e isso retira-lhes alguma da sua beleza e impacto, mas eu lidei bem com isso e considero isso uma fraqueza menor. Os bons cenários e figurinos completam o quadro geral com mérito, e os efeitos utilizados foram impecáveis. A banda sonora é eficiente, mas não é assim tão boa quanto podia, e devia ser.
Em 25 May 2021