Autor: Filipe Manuel Neto
**Satisfatório, mas cansativo devido à intensa propaganda evangélica.**
Neste filme, a fé em Jesus Cristo muda a vida de quatro polícias, que tentam tornar-se modelos para os seus filhos. É mais um daqueles "filmes evangélicos", feitos e patrocinados pelas igrejas cristãs evangélicas dos Estados Unidos, a fim de propagandear as suas ideias.
A ideia central da trama é a de que um bom cristão deve também ser um marido e pai exemplar. Porém, o que este filme prefere ignorar é que esse dever é algo inerente à noção de casamento e paternidade, não importando qual a crença religiosa que é professada. É um dever de qualquer marido e pai, seja evangélico, católico, judeu, amish ou ateu. A crença evangélica aponta nesse sentido? Óptimo, porém nada mais faz do que reforçar uma ideia que já está presente quando um homem casa ou se torna pai. É uma questão de bom senso e não de religião, e eu tenho dúvidas se a religião faz de alguém um pai ou um marido melhor só por si.
A maior parte deste filme é gasta na construção das personagens e do seu ambiente familiar. Isso é algo que vai ajudar na tarefa de bombardear o público com ideias e propaganda religiosa, mas teria sido melhor aligeirar se a ideia fosse fazer um bom filme. Digo isto porque o filme se tornou em algo lento, pesado e morno à custa disso. Existem algumas boas cenas de acção, à maneira de algumas séries de TV, mas todo aquele que for ver este filme apenas por isso vai sentir-se desiludido no final: este não é, nem de perto, um filme de acção.
O ponto mais negativo do filme é, claro, a quantidade industrial de propaganda evangélica, discreta ou mais descarada, que é veiculada ao público: prepare-se para uma dose de citações bíblicas, de pastores e de culto evangélico, insistente e desagradável a todo aquele que não estiver a pensar em converter-se. Mesmo assim, este filme não resulta em algo tão ofensivo para outras crenças religiosas como foi "Deus Não Está Morto".
Basicamente, o produto final que temos aqui é um filme decente, de fundo moral e familiar, mas que acaba por ser irritante e aborrecido devido à alta carga de propaganda religiosa que traz consigo. Teria sido muito mais digerível se fosse mais neutro e abarcasse outras crenças religiosas de fundo mental similar, como por exemplo os católicos, judeus ou mesmo os muçulmanos.
Em 07 Jul 2018