Autor: Filipe Manuel Neto
**Não aconselhável para depressivos.**
Este filme conta a história de um ex-mineiro, agora um prospector de petróleo, que encontra uma enorme jazida numa região pouco promissora. Dirigido por Paul Thomas Anderson, que também assegura o roteiro, conta com Daniel Day-Lewis e Paul Dano nos papéis principais.
Este é um dos filmes mais negativos que já vi, e vou explicar porque penso isso. Para começar, toda a atmosfera do filme é escura e sombria. Depois, logo nos apercebemos que não há no filme nenhuma personagem agradável. Todas são sombrias, e de alguma forma se revelam gananciosas. A maldade e a cobiça tocam a mente de todos, uns mais do que outros. Daniel Plainview, que enriquece ao descobrir petróleo, fica obcecado com os lucros e a fortuna. Por sua vez, Eli, um jovem pastor imberbe de um culto evangélico, é um fanático que maltrata a família, controla a congregação com um punho de ferro e vê no petróleo um meio de enriquecer a sua igreja. É o confronto entre estes dois homens, com visões e vontades antagónicas, que justifica o título do filme, na minha perspectiva.
Os dois actores principais fizeram um trabalho excepcional. Ambos são odiosos nos seus papéis, pela maneira como demonstram uma seriedade hipócrita nas suas acções diárias. Day-Lewis, no entanto, está semelhante demais a algumas personagens que fez em filmes anteriores como "Gangues de Nova Iorque" (em termos de semelhança física e maquilhagem, apenas). Dillon Freasier também fez um bom desempenho no papel de HW, o pequeno filho de Plainview. Os figurinos e cenários são bons no contexto espaço-temporal da acção. A cinematografia, escura e sombria, combina com a atmosfera do filme, e uma banda sonora profundamente deprimida e atonal escrita por Jonny Greenwood encarna perfeitamente a crueldade visível (ou implícita) neste filme.
Em 18 Mar 2018