Autor: Filipe Manuel Neto
**Um thriller absolutamente mediano, onde falha a credibilidade da ideia central do roteiro.**
Quando uma bomba destrói uma balsa de passageiros em Nova Orleães, matando centenas de pessoas, o investigador Doug Carlin é recrutado para uma unidade especial de investigação, que pretende descobrir o autor do crime utilizando filmagens de videovigilância, de quatro dias antes do ataque. Mas Carlin cedo se apercebe que, afinal, estão a utilizar um "buraco de verme" que lhes permite observar, ao vivo, o que aconteceu no passado, dentro daquela área restrita onde o ataque ocorreu.
Bem, o que temos aqui é uma ideia original. Já vimos uma série de filmes, a maioria sci-fi puro, que explora a ideia de "buracos de verme" ligando o presente ao passado e permitindo viagens no tempo. O que temos aqui vai um pouco mais adiante, com maquinaria de vigilância profissional que vence paredes de edifícios e devassa a intimidade das pessoas com a maior facilidade (o que, se um dia for verdade é, no mínimo, uma perspectiva aterradora). Apesar da ideia central do filme ser imaginativa e ter pouca credibilidade, o filme joga bem com isso e com as possibilidades, positivas e negativas, de alterar o passado: paradoxos, alter-egos, temos de tudo. Apesar disso, nem sempre me senti convencido. Como disse, há falhas de credibilidade. O maior problema que isso acarreta é que este é o único diferencial deste filme... sem esta questão das viagens no tempo e dos "buracos de verme", o filme é um thriller banal como tantos outros.
Tony Scott, que eu não conhecia até este filme, parece ter feito um trabalho decente. Gostei do trabalho de Denzel Washington, que é um actor extremamente capaz, mesmo quando não tem material à sua altura e vivencia uma personagem aborrecida e banal, como neste caso. Val Kilmer tem uma personagem apagada e discreta, pouco adequada ao actor, e Jim Caviezel também recebeu mau material e uma personagem fraca. Paula Patton é a vítima, servindo apenas para morrer ou surgir semi-nua em cenas concebidas para atrair público masculino.
Do ponto de vista técnico, é um filme regular que não traz surpresas. Uma fotografia banal, sem grandes elementos artísticos, uma banda sonora discreta e elementos visuais pouco notáveis. Os efeitos especiais, com todas as explosões, perseguições e cenas de acção, são o elemento técnico mais marcante do filme.
Este é um thriller absolutamente mediano, que só se destaca devido a uma originalidade conceptual do roteiro, a qual nem sempre foi apresentada e desenvolvida com a eficácia que devia.
Em 02 Nov 2019