Autor: Filipe Manuel Neto
**Podia ter sido muito melhor.**
A mediunidade e os poderes paranormais são um tema fascinante, e penso que não há quase uma única pessoa que escape ao fascínio desse tema. Ou se acredita ou não se acredita, ou se mantém uma atitude aberta sobre o assunto, mas toda a gente tem uma opinião. Neste caso, o filme é sobre um duo de cientistas, Margaret Matheson e Tom Buckley, que desmascara falsos médiuns e mentalistas. Quando o famoso Simon Silver decide terminar um exílio de muitos anos e dar um espectáculo, eles dividem-se: Tom está determinado a expo-lo como um farsante, mas Margaret adverte-o de que ele é particularmente perigoso.
O elenco é encabeçado por três nomes: Sigourney Weaver, Cillian Murphy e Robert De Niro. No entanto, a direcção e escrita de Rodrigo Cortés não podiam ser piores e desperdiçam todo o potencial que o filme podia ter. Não sei por que motivo a personagem de Weaver morre tão cedo no filme, talvez a actriz tivesse algum conflito de agenda e não pudesse continuar as filmagens, mas o facto é que teria sido melhor ser Weaver a assumir o protagonismo e levar o filme adiante, ao invés de Murphy, que não teve carisma nem personagem capaz para o fazer. Com a morte de Margaret, personagem de Weaver, o filme perde o equilíbrio e transforma-se numa aguerrida caça ao homem, em que a personagem de Murphy irá obstinadamente perseguir o médium de De Niro até às últimas consequências. O filme apressa-se, atropela-se descontroladamente, não tem elegância e perde o ritmo. O final é uma espécie de duelo ao pôr-do-sol entre os dois, e não podia ser mais cliché e mais desinteressante do que acabou por ser.
Sigourney Weaver desaparece cedo demais, mas tudo o que faz é muito bem feito e dá-nos um trabalho muito competente. Robert De Niro é agradavelmente sombrio e intenso no papel dele, e Toby Jones também esteve bem sempre que o filme requereu a sua presença. É, realmente, Cillian Murphy quem destoa, numa performance histriónica, exagerada e decepcionante.
Tecnicamente, o filme é muito bom e parece caro. A cinematografia funciona muito bem, com as cenas de De Niro tão sombrias que quase mal vemos o rosto do actor, irreconhecível com os óculos, o penteado e a maquilhagem. Os efeitos visuais, especiais e sonoros são muito bons, são caros e parecem espectaculares. As cenas no laboratório, com os testes psíquicos, também me pareceram muito boas e os vídeos são realistas o bastante, com aquele visual antiquado.
Em 30 May 2021