Autor: Filipe Manuel Neto
**Não entendo o ‘hype’.**
Ao ver este filme, fiquei com a séria impressão de que “Army of Darkness” acabou por ser uma espécie de sequela ou spin-off deste trabalho, considerando os temas envolvidos e a persistência do actor principal, Bruce Campbell. Ambos os filmes têm semelhanças e é difícil não pensar nisso.
Sam Raimi é um daqueles directores que fez renome no cinema de terror, mas não posso deixar de pensar que este é um dos seus trabalhos mais pobres. “Evil Dead” é sombrio, é bizarro, está carregado de gore e de cenas que nos fazem querer vomitar as pipocas, mas não é o tipo de filme que eu veria novamente. Com um orçamento miseravelmente baixo e muita criatividade, o director consegue enojar-nos mais do que assustar-nos, e pouco há neste filme que possa realmente incutir medo ou tensão dramática. Na verdade, há cenas que roçam perigosamente a comédia.
Bruce Campbell faz o que pode, e o que ele faz é o suficiente para garantir o protagonismo por absoluta falta de um elenco capaz e competente. O actor não é totalmente desprovido de capacidade ou de talento, mas parece ter-se limitado a isto, e a filmes semelhantes. É escusado dizer que todo o resto do elenco não merece sequer uma citação nesta resenha, pois são amadores absolutos ou pessoas que se enganaram na profissão. E é claro que o Necronomicon, livro criado pela imaginação fantasista de H. P. Lovecraft, tem um papel relevante na trama e é absolutamente temível. Em meio a este desastre engraçado, o que salva um pouco este filme é a forma como Raimi aproveita para estudar efeitos visuais e especiais baratos, e os resultados que pode tirar deles. Baldes de tinta, sumo de framboesa, maquilhagens sintéticas bizarras semelhantes a caraças de carnaval, temos quase tudo.
Em 04 Apr 2024