Autor: Filipe Manuel Neto
**Um filme bom, mas que não consegue ir mais longe do que o estritamente necessário.**
Este filme aborda uma situação real que aconteceu nos campos de concentração nazis durante a Segunda Guerra Mundial: desejando inundar a economia dos Aliados de notas falsas e, assim, destruir os seus sistemas financeiros, os alemães decidem recrutar à força os melhores peritos judeus em contrafacção, liderado por Solomon Sorowitsch, um dos melhores falsificadores que a Alemanha tinha então. O filme mostra os esforços do grupo para cumprir com as exigências dos seus captores, enquanto tentam manter-se vivos e boicotar os planos alemães.
O filme está verdadeiramente bem feito e aborda uma história que poucos conhecem e mereceu perfeitamente passar ao cinema. A direcção de Stefan Ruzowitzky cumpre muito bem com o seu trabalho, mas não consegue imprimir emoção a um filme que, sem a sensação de perigo e de um certo medo, se parece muito com uma dramatização para documentário. De facto, o filme não é capaz de nos fazer sentir o perigo em que as personagens estão, e explora muito pouco toda a surreal situação em que este grupo de prisioneiros se encontra: podem não ser mais do que um grupo de prisioneiros, mas o Reich necessita deles.
O elenco faz o que precisa de fazer, mas não senti que quisesse, de facto, ir mais além. Karl Markovics é o actor que mais se destaca pela centralidade da sua personagem, mas não foi capaz de surpreender, numa personagem que é capaz de ser realmente grosseira, arrogante e muito pouco empático. August Diehl também tem uma personagem central da trama e funciona bem no papel e mostra algum sentimento muito bem-vindo.
Tecnicamente, é um filme discreto, que aposta na construção de um bom cenário e no uso de um conjunto de figurinos muito bem feito para conseguir recriar o ambiente nos campos. Tem ainda uma cinematografia regular, que cumpre bem o seu papel, mas não vai além do exigível, e bons efeitos.
Em 19 May 2021