Autor: Filipe Manuel Neto
**Um "filme de capa-e-espada" muito hard-rock.**
Este é um dos filmes mais icónicos dos anos Oitenta e tem uma das bandas-sonoras originais mais interessantes da década (pela mão mestra dos Queen, conta com alguns dos seus maiores sucessos, como "Who Wants to Live Forever"). A personagem principal é o escocês Connor MacLeod, nascido no século XVI e expulso do seu próprio clã quando descobriu que não podia morrer. Mais tarde, conheceu Ramirez, um cortesão espanhol que sofria da mesma condição e o ajudou a entender o seu propósito no mundo: derrotar outros imortais, assimilar a sua energia até restar só um, o que lhe daria por prémio um poder para além da sua compreensão. Porque isso tudo acontece? O filme nunca dá uma explicação e parece que os imortais não sabem também. Mas o prémio final é desejável.
O filme faz uso de flashbacks para mostrar eventos do passado e nem sempre evita falhas de roteiro. Porém, o ritmo rápido e a quantidade de cenas de acção ajudam o público a não pensar nisso. Nenhum personagem parece ter uma personalidade ou psicologia bem desenvolvida. Claro, McLeod tem alguns traços psicológicos interessantes, que foram sabiamente explorados, e que se prendem com uma certa amargura face ao passado e à sua condição imortal. Mas é só isso... até o vilão, Kurgan, é meio artificial. As cenas de ação são basicamente duelos com espadas de grande tamanho. Os movimentos de esgrima não seriam capazes de dar a vitória a qualquer esgrimista sério mas são suficientemente bons na tela para enganar o público. O filme inclui algum romance mas é tão desinteressante e foi tão pouco explorado que acaba não tendo valor.
O elenco é liderado por Christopher Lambert, Roxanne Hart, Clancy Brown e Sean Connery. Sem dúvida, faz um óptimo trabalho e cumpre o seu papel sem grandes erros, mas igualmente sem grande brilhantismo. A excepção é Sean Connery, que faz um óptimo desempenho e ajuda muito na qualidade do filme, apesar da brevidade do papel que tem e do pouco que ele tem para fazer aqui. Os cenários são bons e os efeitos especiais, particularmente no final, são impressionantes, considerando a época em que o filme foi feito e os anos que já passaram.
Este filme não é, de todo, um dos melhores que já vi em termos de qualidade mas, apesar de fraquezas, funciona bem, é bom de ver e entretém o público muito bem. Talvez por isso se tenha mantido popular por tanto tempo (quase até ao fim do milénio) e ainda hoje tenha uma boa legião de admiradores.
Em 14 Apr 2018