Autor: Pedro Quintão
Um apreciador de filmes de terror gosta sempre de um bom filme de terror ambientado no Natal. Mas fui ver este reboot de Silent Night, Deadly Night com expectativas baixas, pois o trailer fazia-me aguardar por uma produção medíocre. Felizmente, o filme percebe exatamente o que é e raramente tenta parecer mais do que isso. Na maior parte do tempo, abraça uma vertente campy e absurda, e é precisamente aí que encontra a sua força.
A trama é simples: acompanhamos um serial killer que mata durante a época natalícia, cumprindo cada morte para compor um misterioso calendário do advento. No entanto, depois da segunda parte, este conceito ganha um contexto inesperadamente interessante. Confesso que não estava à espera desse pequeno arco narrativo e acabou por ser o elemento que mais me prendeu. Sem entrar em spoilers, há uma tentativa subtil de dar ao assassino uma lógica interna que o aproxima de um anti herói, mas sem nunca romantizar ou justificar os seus atos de forma preguiçosa ou exagerada.
É raro eu gostar de filmes de terror contados a partir da perspetiva do vilão, mas aqui o realizador Mike P. Nelson consegue criar uma distância saudável. O assassino é desenvolvido, mas nunca é idolatrado da forma errada. Billy, interpretado por Rohan Campbell, é uma figura violenta e ameaçadora, bastante mais eficaz do que o vilão que o ator interpretou em Halloween Ends. Do outro lado, temos uma aparente final girl, vivida por Ruby Modine, cuja postura levanta constantemente suspeitas e mantém o espectador em alerta quanto às suas verdadeiras intenções.
Para os fãs de gore, adianto que há sangue, mas confesso que esperava mais. Talvez por ser uma produção associada ao estúdio responsável por Terrifier 2 e Terrifier 3, fiquei à espera de algo mais gráfico e ousado. Ainda assim, o filme entrega momentos suficientemente violentos para satisfazer quem procura esse lado mais "agressivo" e cru.
Silent Night, Deadly Night não é um grande filme e não reinventa o terror natalício. Mas também nunca prometeu isso. É uma produção simples, consciente das suas limitações e surpreendentemente eficaz em manter o interesse. Quando parece que começa a cansar, lança-nos para um pequeno twist que prende a nossa atenção e segura-nos até ao fim. No final, fiquei com a sensação que estamos perante um slasher divertido e assumidamente campy. E, às vezes, isso é mais do que suficiente.
Em 15 Dec 2025